Desde os primeiros acordes de “That’s What the Water Made Me”, que começou a ecoar pelo Morumbi pontualmente às 20 horas, todos os olhos do Morumbi se voltaram para Jon Bon Jovi, o capitão dessa “nave louca” chamada Bon Jovi.
Devidamente posicionado no meu local estratégico, minha atenção se dividia entre o baterista Rich Scannella , que ocupa momentaneamente o posto de Tico Torres, e os guitarristas Phil X e Bobby Bandiera, sobretudo o Phil, que ganhou de presente a missão de substituir Richie Sambora.
Muito mais a vontade que no show realizado no Rock In Rio, o grupo parecia em uma frequência diferente da que observamos em solo carioca. Quem viu o show do Rock In Rio e a apresentação de São Paulo conseguiu perceber uma banda muito mais tranquila durante cada música, mostrando que a saída de Sambora, seja ela defintiva ou não, obrigou o Bon Jovi a se reinventar em cima do palco. E, principalmente, que o problema de saúde de Tico Torres “travou” a banda em solo carioca. Por mais que o Jon tenha brincado e interagido, era possível perceber que tudo no Rio estava tenso… e em São Paulo não.
A cada música tocada, a minha impressão inicial se fazia mais forte. A banda parece que entrou em uma versão 2.0 em cima do palco e, muito disso, por causa do Phil X. Músicas como “You Give Love a Bad Name”, “It’s My Life” e “Keep The Faith” foram a confirmação disso. “Keep The Faith” se tornou outra, bem diferente daquilo que a banda imprimia com o Sambora. Talvez seja intencional, talvez seja por limitação. E isso nunca saberemos. O certo é que o show ganhou um ritmo diferente, seja ele mais pesado em alguns momentos ou desacelerado em outros, mas os músicos que ali estavam (e pouco apareceram), não fizeram um serviço ruim.
Enquanto divagava sobre esse upgrade, a banda ia mandando um sucesso atrás do outro, mesclando os clássicos com as canções do mais recente álbum, What About Now. E enquanto elaborava hipóteses sobre as tais questões, boa parte do público se entregava debaixo de uma chuva que caiu insistiu em cair durante alguns momentos do show.
Com um setlist priorizando mais os últimos álbuns da banda, o público correspondeu nas músicas mais conhecidas e esfriou nos demais momentos. A sequência com “(You Want to) Make a Memory” e “Captain Crash & the Beauty Queen From Mars” representa bem esse “momento frio” do público. Algo que me incomodou um pouco, principalmente em “Captain Crash”, que foi a única das músicas que cantei a plenos pulmões aonde estava e, quando olhava ao redor, nada. Certamente, isso decepcionaria a bela rainha de Marte.
Com direito a dois bis, a banda começou a colocar um ponto final na apresentação. O primeiro deles começou com o Morumbi todo iluminado por celulares durante “Wanted Dead Or Alive”, seguidas por “Have a Nice Day” e “Livin’ on a Prayer”. No segundo, Jon Bon Jovi comandou um cover de Roy Orbison, com “Oh, Pretty Woman” e encerrou as mais de duas horas de show com “Born To Be My Baby”, debaixo de uma forte chuva.
O show acabou, minhas perguntas foram respondidas, mas acabaram gerando novas perguntas. Quem sabe não consigo respondê-las na próxima visita do Bon Jovi ao Brasil, né?
Setlist
That’s What the Water Made Me
You Give Love a Bad Name
Raise Your Hands
Runaway
Lost Highway
Whole Lot of Leavin’
It’s My Life
Because We Can
What About Now
We Got It Goin’ On
Keep the Faith
(You Want to) Make a Memory
Captain Crash & the Beauty Queen From Mars
We Weren’t Born to Follow
Who Says You Can’t Go Home
I’ll Sleep When I’m Dead
Bad Medicine
Encore:
Wanted Dead or Alive
Have a Nice Day
Livin’ on a Prayer
Encore 2:
Oh, Pretty Woman
Born to Be My Baby
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Fotos: Ronaldo Cooper/XYZ Live