O rapaz que emerge “de cima do mapa”, Cronixta, carrega consigo as raízes e riquezas culturais de sua Belém do Pará. Com seu novo álbum, intitulado “Wi-Fi da Floresta”, o rapper nos convida a uma viagem por suas influências culturais.
Sobre o projeto “Wi-fi da Floresta”
Composto por oito faixas inéditas, o álbum não apenas combina elementos musicais, mas também mergulha em um universo visual imersivo através de visualizers em 360º, proporcionando uma experiência completa. Segundo o artista, a obra é sobre ritmos diversos e o movimento da dança para obter conexão, carinhosamente chamado por ele de “Wi-Fi da Floresta“.
A inspiração de Cronixta transita por gêneros brasileiros, música latina e sonoridades amazônicas contemporâneas, sem perder a conexão com o rap, o ritmo que o revelou como compositor. Esta miscelânea de sons resulta em um trabalho riquíssimo em elementos regionais que não só moldaram a vida e personalidade do artista, mas também contribuíram para a identidade cultural do povo brasileiro.
Produção
A produção do álbum foi conduzida por Matheus Padoca, co-produzida por Guri Assis Brasil e Chico Correa, enquanto a estética visual foi dirigida por Rafa Rocha em colaboração com Cronixta. O figurino, assinado por Kamila Kaczanowski, complementa o universo visual criado para o projeto.
O visual do álbum é uma homenagem à obra do tropicalista Hélio Oiticica, incorporando elementos como os parangolés e seus metaesquemas. Esta fusão entre a linguagem de Oiticica e a Amazônia, representa a união entre diferentes aspectos culturais, promovendo uma celebração da dança, cores e movimentos no cotidiano.
Parcerias
Destaque para a parceria com Cleiton Rasta na faixa “Jambú“, que proporciona um momento inusitado e memorável. Além disso, a colaboração com Thiago Elniño em “De cima do mapa“, é uma ode à região norte do Brasil e uma expressão de gratidão pela rica influência cultural que ela proporciona.
O lançamento do álbum “Wi-Fi da Floresta” marca um novo capítulo na jornada musical de Cronixta, um artista que não apenas representa sua região, mas também se conecta com a essência diversa e pulsante da música brasileira. Com um olhar aguçado para os detalhes que fazem a diferença, Cronixta chega para proporcionar uma experiência sonora, visual e única.
Durante um bate papo com o Audiograma, Cronixta compartilhou suas perspectivas e insights sobre o novo álbum “Wi-Fi da Floresta”. Confira algumas das suas reflexões abaixo:
Ygor Monroe – O título do álbum, “Wi-fi da Floresta”, é uma metáfora para a conexão entre o mundo urbano e o mundo natural. Como você desenvolveu essa ideia?
Eu passei por um processo da medicina indígena exatamente dentro da cidade.
A experiência dentro desse lugar é singular, nos leva para uma conexão maior com a nossa criança, com o lugar que já estivemos, acessa as camadas da nossa vida de uma forma profunda, traz a intuição para o protagonismo, afinal, a gente cresce sem ser ensinado a trabalhar esse lugar. Esse combinado todo me levou exatamente para esse caminho de entender esses sinais e resumir o sinal dessa conexão em amor…
Ele se tornou exatamente a senha do nosso Wi-Fi.
O Álbum é um trabalho bastante experimental, com uma mistura de ritmos e sonoridades diferentes. Como você define esse trabalho?
Se fôssemos traduzir os ritmos, eles falariam o idioma de um Brasil profundo e conectado, que se reconhece dentro das periferias do nosso país através do rap, tecnobrega, brega funk, funk, tambores, e tudo isso conectado ao frescor das guitarras vindas das ondas sonoras das periferias do Caribe.
As colaborações especiais em “Wi-Fi da Floresta” trazem uma variedade de vozes e estilos. Como essas parcerias contribuem para a narrativa e a sonoridade do álbum, e qual foi a importância desses artistas convidados para o projeto?
As participações vieram primeiro em um lugar de admiração, de olhar o trabalho de todes com muito carinho e tudo foi indo para um lugar natural das coisas – trouxemos o Felipe Cordeiro pela referência musical que ele é para mim e para a música feita na minha cidade, a Bixarte pela potência da sua poesia e sua musicalidade, Chico Corrêa pela visão singular de suas produções, Dj Cleiton Rasta e seu carisma sem igual para abrilhantar uma das faixas e Thiago Elniño que traz esse olhar de “Brasis” plurais e escreveu um verso com muito carinho sobre minha cidade. Essas narrativas quando conectadas torna tudo mais potente, mais diversos e conectado com nosso país.
Além da música, o álbum também traz elementos visuais com os visualizers em formato de filmagem 360º. Em sua perspectiva, como essa combinação de som e imagem contribui para a experiência do ouvinte ao explorar “Wi-Fi da Floresta”?
O Rafa Rocha, um amigo e parceiro supergeneroso, me trouxe a obra do Hélio Oiticica como provocação depois que a parte musical do álbum estava pronta. Fui à fundo no trabalho do Oiticica e fui entendendo o ponto de confluência entre a minha obra e a dele, ambas são conectadas através do movimento. Entendendo essa conexão, pensamos o quanto seria interessante criamos pontos que me conectassem em minha cidade, e através deles e de uma câmera 360º criássemos os visualizers para trazer o olhar e o movimento do expectador para dentro da música, do vídeo e fazer os pontos todos se conectarem.
Com uma obra descrita como uma fusão de ritmos e influências culturais, como você espera que seu trabalho ressoe não apenas em uma região, mas em todo o Brasil? Qual mensagem você deseja transmitir por meio de sua música?
O Brasil é feito dessa mistura toda assim como minha música também, me considero mais um ingrediente para temperar nosso país. Hoje minha música é consumida em São Paulo, Rio de Janeiro e nos grandes centros que sempre ditaram as regras estabelecidas da MPB, vivemos na era da diversidade, e venho de um lugar muito plural entendendo também sobre – o que é bom naturalmente vai ser consumido, precisamos só aumentar a nossa rede de Wi-Fi e seu alcance, a água do rio cabe dentro da represa até quando ela quiser que caiba. Amor é a mensagem e a senha do nosso Wi-Fi!
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