O anúncio de Lana Del Rey no MITA, festival que aconteceu nos dias nos dias 27 e 28 de maio no Rio de Janeiro e que será realizado também em São Paulo nos dias 03 e 04 de junho, causou uma onda de animação entre os fãs da cantora. Afinal, já faziam cinco anos desde a última vez que ela esteve em terras brasileiras.
A última passagem de Lana pelo Brasil foi em 2018, algum tempo depois do lançamento de Lust for Life (2017), seu quinto álbum, como parte do line-up do Lollapalooza Brasil daquele ano. O show, único no país naquele ano, foi um dos mais elogiados da edição e Lana repetiria a dose no Lollapalooza 2020, antes de o festival ter sido cancelado pela pandemia.
Desde o último show de Lana no país, ela não parou: lançou quatro discos — entre eles o aclamadíssimo Norman Fucking Rockwell!, de 2019 —, escreveu uma carta aberta à cultura, lançou um livro de poesias, um audiobook narrando seus escritos e teve grandes mudanças em sua vida pessoal, que inspiraram muitas de suas novas composições. Ou seja, há muito o que se ouvir (e o que se ver) no show de Lana Del Rey no MITA.
Vamos dar uma olhada no que a artista fez nesses últimos cinco anos e fazer apostas para a setlist do seu show no festival em São Paulo!
O que Lana Del Rey lançou nos últimos cinco anos?
Além dos quatro álbuns lançados, que vamos comentar abaixo, a Lana ainda fez algumas participações em músicas e discos de outros artistas e até mesmo participou da trilha sonora de filmes.
Norman Fucking Rockwell!
O lançamento do NFR! em 2019 inaugurou uma nova fase na carreira de Lana Del Rey: junto a ele, veio uma constante de aclamação da crítica e do público que dura até hoje. Indicado ao prêmio de Álbum do Ano no Grammy de 2020, o disco fez parte de diversas listas de melhores do ano (incluindo o Listão de 2019 do Audiograma) e foi selecionado como um dos 500 melhores discos de todos os tempos da Rolling Stone.
Falando sobre musicalidade, o Norman Fucking Rockwell! traz uma faceta ainda mais profunda de Lana, com letras sobre um sonho americano — algo que a cantora sempre foi especialista em retratar — que entra em crise. Em trechos como “Kanye West está loiro e morto” e “Estávamos obcecados em escrever a próxima grande música americana”, Lana destruiu tudo o que havia construído em sua obra anteriormente, criando um apocalipse musical e finalmente abraçando sua faceta pop que funciona com músicas épicas de mais de nove minutos de duração.
Chemtrails Over the Country Club
2021 foi agitado para Lana: o Chemtrails Over the Country Club foi o primeiro dos dois discos que ela lançou naquele ano. Nesse disco, Lana se afasta totalmente do pop do NFR!, mas não das letras dele: aqui, ela anda sobre as ruínas do sonho americano destruído, cantando em cima de instrumentais à la Joni Mitchell.
Em Chemtrails, vemos a cantora mais próxima de sua religião, de sua família, de seus amigos, abraçando a normalidade de sua vida cotidiana e gostando disso. Ela referencia seus artistas favoritos — The White Stripes e Stevie Nicks são presenças nas letras — e canta sobre seu dia a dia com suas amigas — Weyes Blood, Nikki Lane e Zella Day são as parcerias do disco — para nos contar histórias escapistas sobre sua nova paz interior de um jeito que só Lana Del Rey sabe fazer.
Blue Banisters
Apenas sete meses depois do lançamento de Chemtrails veio Blue Banisters. Marcando a primeira vez em dois discos que Lana se afastou da produção de Jack Antonoff, voltando a trabalhar com Rick Nowels, co-compositor do Lust for Life. O resultado foi um disco mais introspectivo, onde Lana deixou de lado suas idealizações sobre o fim do sonho americano e sua vida “comum” para misturar jazz e folk e falar sobre suas emoções.
Blue Banisters é um disco difícil de se ouvir e difícil de se gostar, mas isso não é negativo: foi só uma maneira de mostrar que Lana Del Rey sempre pode ir além do que se espera dela, mesmo que isso não agrade a todos.
Did You Know That There’s a Tunnel Under Ocean Blvd
Lançado em março de 2023, o novo disco de Lana Del Rey é a prova de que ela pode criar algo ainda melhor do que criou no Norman Fucking Rockwell!. E isso é muito impressionante em um universo onde cantores geralmente decaem depois de seu auge criativo.
Did You Know That There’s a Tunnel Under Ocean Blvd traz, além de faixas com nomes tão gigantescos como seu título, algumas das mais belas composições e referências de Lana. Há espaços para homenagens para família e amigos, para comparar sua vida à arte milenar japonesa de emendar peças quebradas com ouro (em “Kintsugi“, uma das melhores letras dela) e até mesmo para se autorreferenciar, relembrando uma das faixas do NFR!.
É um disco que tem potencial para ficar ainda melhor com o tempo, se é que isso é possível.
Don’t Call Me Angel
Nos últimos anos, Lana tem passeado pela música pop, saindo e voltando dela, usando referências e a misturando a outros estilos. Mesmo assim, o anúncio de sua parceria com Miley Cyrus e Ariana Grande para a trilha sonora do remake de As Panteras deixou muitas pessoas surpresas.
A música foi mal recebida pela crítica e pelos fãs, mas se mostrou uma tentativa interessante de fazer com que Lana fosse um pouco mais pop do que já é. E a aparente amizade com Ariana Grande ainda rendeu um cover de break up with your girlfriend, i’m bored no BBC Radio 1 Live Lounge, que, no fim, foi o melhor resultado que Don’t Call Me Angel teve.
Qual foi a setlist de Lana Del Rey no show do MITA Rio de Janeiro?
Em seu show no Rio, primeira vez que Lana subiu ao palco depois da pandemia, ela parecia feliz com seu público e fez escolhas inesperadas para a setlist: enquanto estávamos esperando uma abertura emocional, ela abriu o show com A&W, faixa dividida em duas partes onde o trap é destaque.
Enquanto queríamos ouvir músicas do Honeymoon, ela preferiu tocar uma faixa exclusiva de um lançamento internacional do Ultraviolence. Na setlist, sobrou até espaço para uma música inédia, Bittersweet Anthem, que não foi tocada pois a produção do festival não autorizou que Lana ultrapassasse o limite de tempo estabelecido no show.
No fim, a setlist de Lana Del Rey no show do MITA RJ foi a seguinte:
- A&W
- Young and Beautiful
- Bartender
- The Grants
- Flipside
- Pretty When You Cry
- Cherry
- Ride
- Born to Die
- Blue Jeans
- Norman Fucking Rockwell
- Arcadia
- Ultraviolence
- White Mustang
- Candy Necklace
- Venice Bitch (com elementos de Taco Truck x VB)
- Diet Mountain Dew
- Summertime Sadness
- Did You Know That There’s a Tunnel Under Ocean Blvd
- Video Games
O que esperar do show de Lana Del Rey no MITA São Paulo?
Agora, estamos falando de uma pessoa que já passeou por diferentes estilos, diferentes maneiras de contar histórias, destruiu — figurativamente, é claro — todo seu legado e chegou em um patamar que pode se autorreferenciar sem soar pretensiosa.
Porém, estamos falando de um show: aqui, queremos ouvir suas músicas antigas, as que nos fizeram nos interessar por Lana, ouvir nossas favoritas e, é claro, seu novo trabalho.
É lógico que, no MITA, Lana Del Rey teve um trabalho imenso para montar a setlist: são nove discos que raramente dividem a opinião dos fãs, ou seja, não há uma que ninguém queira ouvir ou que pode ser facilmente descartada, somados à necessidade de mostrar a visão artística e ainda agradar as redes sociais (algo que foi feito recentemente com o lançamento de uma versão acelerada de Say Yes To Heaven, que fez sucesso no TikTok).
Mas, enquanto esperamos o show em São Paulo, podemos desejar algumas músicas na setlist!
Por isso, meus desejos para o show paulistano são:
- Born To Die, Summertime Sadness, Blue Jeans: singles do Born to Die, primeiro disco de Lana Del Rey, são queridinhas do público e foram tocadas no Rio;
- Fucked My Way Up To The Top e West Coast: faixas do Ultraviolence, o disco mais diferenciado da cantora. São algumas das mais populares entre os fãs desse álbum — e West Coast foi uma das mais cantadas pelo público em 2018;
- 13 Beaches e Cherry: aqui seguimos a mesma lógica de West Coast: as duas faixas, partes do Lust for Life, foram as mais cantadas pelo público em 2018, mas apenas Cherry fez parte da setlist do Rio;
- Norman Fucking Rockwell!, Mariner’s Apartment Complex, Doin’ Time, Fuck It I Love You e The Greatest: é difícil escolher as faixas do Norman Fucing Rockwell!, mas essas são minhas favoritas;
- Tulsa Jesus Freak: sim, acredito que ela irá cortar qualquer faixa do Honeymoon novamente, mas espero que ela não faça o mesmo com Chemtrails de novo;
- The Grants, Did You Know There’s a Tunnel Under Ocean Blvd, A&W, Candy Necklace, Kintsugi e Peppers: faixas do novo disco, faltou Kintsugi e Peppers na setlist do Rio de Janeiro;
- Video Games: foi o primeiro hit dela e faz parte do Born To Die, seu primeiro disco como Lana Del Rey. É impossível que ela deixe de cantar essa para fechar o show.
Quando e onde é o show de Lana Del Rey no MITA São Paulo?
Depois de se apresentar no MITA Rio de Janeiro no último dia 27 de maio, chegou a vez da Lana Del Rey tocar no MITA São Paulo. Ela vai fechar a noite de sábado, dia 3 de junho.
O festival será realizado no Novo Anhangabaú, localizado no centro da cidade, bem ao lado da estação Anhangabaú e de uma das saídas da estação São Bento do metrô. A escolha do local tem sido polêmica devido à alta de violência na região, mas montamos um guia para te ajudar com dicas de como andar por lá com mais segurança!