O Titãs foi a primeira banda de rock brasileira que me chamou a atenção. Na época, claro, já tinha me apaixonado pelos Mamonas Assassinas, mas existia aquele flerte com a infância e as piadas. Com o Titãs era outro esquema. Era algo “adulto”, vamos dizer assim.
Isso foi lá por 1997, 1998, época que a banda tinha acabado de lançar um dos seus principais sucessos comerciais, o Acústico MTV. Como parte dos jovens daquela época, minha principal referência cultural era o canal 29 e era praticamente impossível não ouvir “Pra Dizer Adeus” ou “Os Cegos do Castelo”.
Essa influência poderia ter sido o suficiente, mas eu tive sorte.
Como neto mais velho da família da minha mãe, e desprovido de muito contato com os netos mais velhos por lado de pai, não existia a influência de um irmão ou primo “do rock”. No meu caso, poderia ter sido só a MTV e meu melhor amigo, Thiago, que também bebia da mesma fonte. Poderia, mas não foi. Tinha uma faxineira lá em casa chamada Eli, e ela gostava de música.
Hoje, eu até acho que ela fumava maconha também, só que naquela época eu não seria capaz de diferenciar cheiro de orégano com um baseado. De qualquer forma, a Eli era do rock. Ficava ouvindo uma coletânea dupla do Titãs direto. Ela reclamava constantemente que o Acústico deixou de lado clássicos como “Sonífera Ilha”, “Não vou me adaptar” ou “Toda Cor”. Porra. Eu nem sabia que músicas eram essas.
No meu aniversário, a Eli me deu uma cópia do Acústico MTV com uma dedicatória. Foram raros os discos que ganhei com dedicatórias, inclusive. As pessoas gostam de rabiscar/estragar livros, mas nunca fazem isso nos encartes de discos. Vai entender. Tenho esse mesmo CD até hoje e se vejo a banda como uma das minhas favoritas de todos os tempos (além da última semana), a Eli tem uma imensa parcela de culpa (E a música “Os Cegos do Castelo” com um clipe animado que só passava no TVZ, do Multishow).
O Titãs me acompanhou em muitos momentos. “Sonífera Ilha” que o diga, né, Essa me lembra você?
Fui em alguns shows (incluindo a gravação do DVD ao vivo com o Paralamas, em 2008), mas nunca é o suficiente quando se trata da sua banda favorita, né? A vida ensina que criar expectativas pode ser um problema. Mas a vida até parece uma festa (daquelas que ninguém quer perder). E a Titãs Encontro promete ser a maior festa de 40 anos do rock nacional, talvez. E eu estarei lá.
PS: Sei o quanto é improvável, mas seria uma experiência inesquecível ouvir o maior hino escatológico da música brasileira ao vivo. “Isso para mim é perfume” deveria fazer parte do repertório. 😛