O Skank fez sua última apresentação no dia 26 de março, no Mineirão. Terminaram a carreira quase como começaram, tocando na cidade natal, mas absolutamente lendários para a história de Belo Horizonte.
A saideira contou com a presença de cerca de 50 mil fãs de todas as regiões do Brasil, ansiosos e emocionados para devorar os bocadinhos que restavam. Para eles, só vitórias: a noite foi eternizada em um DVD, a versão definitiva da banda (mas não a final, segundo o próprio Samuel Rosa).
Como que para fazer charme, Samuel, Henrique Portugal, Lelo Zanetti e Haroldo Ferreti subiram ao palco às 19h33, com mais de meia hora de atraso. O público não pareceu se importar, nem mesmo os mais entusiasmados que chegaram ao gigante da Pampulha às 15h, sob um sol de 29 graus e baixa umidade do ar.
A espera foi pra lá de recompensadora, uma vez que a apresentação final revisitou diversos hits da carreira, desde o primeiro álbum, lançado em meados dos anos 90, até o último trabalho em estúdio, Velocia.
30 anos de hits
Tão logo entraram, iniciaram a apresentação com a música “Dois Rios”, do álbum Cosmotron (2003), num clima intimista. Para elevar o público, veio na sequência “Uma Partida de Futebol” (O Samba Poconé, 1996) e, então, “Esmola” e “Pacato Cidadão”, do aclamado Calango (1994).
Sob fortes aplausos, a banda fez a primeira pausa, na qual Samuel disse, emocionado: “Assim a gente não aguenta!”. Relembraram também o tempo em que achavam que a banda duraria no máximo três anos, “mas estamos aqui, trinta anos depois”. Em seguida, tocaram “Uma Canção É Pra Isso”, cantada em uníssono pelo público.
Se havia momentos de muita emoção, também tinha aqueles divertidos e cheios de energia, como o refrão de “É Proibido Fumar”, que contou com o grito de “maconha!” vindo da plateia. Sem pausa para descanso, o show seguiu com “Saideira”, canção com a qual o público mineiro se identifica fortemente.
Já a primeira escolhida para abrir a nova fase do grupo foi “Ela Me Deixou”. Na sequência de ska, veio “Jackie Tequila”. Nesse momento, alguns fãs sortudos acampados no gargalo conseguiram selfies e autógrafos do vocalista, que desceu do palco no ápice da energia.
“Ainda Gosto Dela” e “Sutilmente” foram as únicas do álbum Estandarte (2008) a serem tocadas. Ambas renderam momentos curiosos, como quando Samuel falou sobre o remix com o qual a banda foi presenteada. Já a segunda música foi repetida duas vezes para a gravação do DVD.
Participação de Milton Nascimento
Um dos momentos de maior emoção deu-se quando toda a banda se retirou do palco com o público gritando “eu não vou embora”. A produção colocou dois bancos no palco e a banda retornou com um muito emocionado Milton Nascimento. O público, então, foi presenteado com a música “Resposta”, do álbum Siderado (1998). “Bituca é a razão de estarmos aqui hoje”, enfatizou Samuel.
“Vou Deixar” e “Balada do Amor Inabalável”, do Maquinarama (2000), foram responsáveis por trazer a década de 2000 de volta, bem naquele clima de sol forte, mar e novelas de Manoel Carlos. A partir dali, o show se encaminhava para um final com os hits “Mil Acasos” (também regravada para o DVD) e “Formato Mínimo”. “Tão Seu” finalizou o set de três horas e, quando se dirigiram à beira do palco para os agradecimentos, foram aplaudidos por minutos intermináveis.
Skank para sempre
Como lembrado pelo próprio grupo, eles já eram famosos antes mesmo de alguns fãs terem nascido. Fizeram sucesso em Minas Gerais, depois em todo o país, e seguem relevantes, atuais e gigantes para a música brasileira. É uma questão de tempo para que haja uma reunião para shows pontuais, e é certeza de que o público se ajuntará ansiosos para ouvi-los mais uma vez.
Você pode ouvir a setlist completa do último show do Skank, feita pela própria banda, no Spotify: