A pandemia tem nos tirado da zona de conforto e com isso nos ensina que o tempo que temos para fazer o que queremos é agora. Foi em meio a este caos que, “de brincadeira”, Téo Costela resolveu lançar o Triste com Ruídos, seu primeiro EP.
O Téo mora em Fortaleza, é ilustrador, designer gráfico e um dos sócios da marca de camisetas e acessórios Printerama. Quando escutei a música “Picadinho” me lembrei da banda Soulstripper e suas músicas sempre leves e divertidas.
Conheci o Téo através do instagram do Clube Molotov e tive a oportunidade de conversar um pouco mais sobre essa brincadeira de ser músico e entender um pouco do que o motivou e inspirou a compartilhar com o mundo suas músicas.
“Não é o meu foco ser um artista da música, nem sou um músico de verdade…resolvi ir para música como um passa tempo, como uma forma de fugir um pouco do que já tenho feito e a música veio numa hora boa.”
Téo Costela
De onde veio a inspiração para o EP?
Eu já tinha algumas músicas que gravei em casa com o violão mesmo, desde 2012. Fazia algumas músicas em casa, gravava e colocava no soundcloud e deixava lá meio que no privado, não era aberto para as pessoas ouvirem. E aí, de uns tempos pra cá, eu resolvi gravar aquelas músicas e fazer um negócio “direitinho”, colocar no Spotify e em outras plataformas. Então eu já tinha algumas coisas, embora nesse EP só tem uma música dessa época, as músicas são muito bobas, parecem uns romances adolescentes.
Têm um pouco de rock, punk e uma pegada lo-fi meio tristinha, inspiradas no Daniel Johnston e um pouco nos Ramones.
Por que o nome Triste com Ruídos?
O nome do EP é “Triste com Ruídos” porque depois que eu fiz tudo percebi que tinha muito ruído porque foi gravado em casa então não parece uma coisa de estúdio e tem músicas triste, não foi proposital, mas tem pelo menos três músicas que achei triste. Diferente do nome do EP, eu tô feliz que vai sair.
Como foi o processo de gravação do EP?
Foi gravado entre janeiro e maio de 2021, em Fortaleza. Todas as músicas foram gravadas em casa, usando um iPad, violão, guitarra, o microfone do celular e o Bandlab para gravar e editar tudo. Foi minha primeira experiência com gravação, mixagem e essas coisas todas.

O que é o selo Quase Famosos Records?
Quando eu fiz o EP eu pensei “tenho que lançar esse EP por alguma coisa” porque eu não queria lançar só solto só que eu não tenho gravadora e não fui atrás, não era a minha ideia. Eu tenho um bom conhecimento na área gráfica e aprendi como subir a música para o Spotify, aprendi a mandar release para blogs e fui aprendendo sobre selo, gravadora e mergulhei nisso.
Vejo que tem muita gente que faz trabalhos massa de música e são independentes, tem as músicas só no soundcloud, só que às vezes são plataformas que não estão tão acessíveis ao público geral e penso que posso ajudar algumas pessoas que já fazem música, mas não tem um conhecimento na área gráfica, por exemplo, nessa parte eu consigo ajudar um pouco e acho que a Quase Famosos Records pode brincar também com isso e posso trazer pessoas que estão na mesma vibe que eu e só querem se divertir com isso e tá aí.
Da medo de apostar em uma ideia?
Assim, às vezes, eu nem penso muito porque se a gente pensar muito, não faz. O que eu preciso de dinheiro para colocar a ideia no ar? Da um medinho, mas de certa forma, eu sempre meio que acredito que as coisas acontecem quando você faz. E se não der certo, não tenho medo em finalizar.
A gente tem que fazer, se a gente não fizer outra pessoa vai fazer, tudo bem se outra pessoa fizer, mas já que ninguém tá fazendo e eu quero fazer, então vou meter as caras. Acho que a gente tem muito medo do fracasso, mas o fracasso faz parte. Hoje não tenho muito problema com isso, acho que é a idade, 35 tô meio que na meia idade, então isso me da uma tranquilidade.
“A gente tem medo de achar que tá fazendo cópia, isso é um grande problema. É só não ter medo, ir lá e assumir.”
Téo Costela
Quais são suas referências?
Uma coisa que sempre tocou no meu radinho foram Ramones, Strokes que é uma das minhas bandas favoritas, adoro Tim Maia, Roberto Carlos também gosto, Belchior e Daniel Johnston é um artista que me influenciou bastante a não ter medo de gravar as minhas coisas, os discos do Daniel Johnston são meio que um empurrão porque ele também começou gravando em casa, então tinha todos os ruídos de alguém amador, e fez músicas que viraram clássicos gravadas por outras bandas. Sem Daniel Johnston não teria feito o EP.
Ramones é uma banda que toca música muito simples, são três acordes e que bom que é isso porque é o que eu consigo fazer também, eu não sei solar, não sou músico virtuoso, mas as bandas que escuto são bandas muito simples e curto os clássicos que todo mundo curte, Beatles, Rolling Stones e tem algumas brasileira, O Terno, Vivendo do Ócio, Selvagens a Procura de Lei.
“Todo mundo é criativo, todo mundo tem curiosidade, a criatividade tem muita ligação com a curiosidade, quando a gente deixa de ser curioso a gente deixa naturalmente de ser criativo. Todo mundo é curioso, só que a gente se poda.”
Téo Costela
Indicações de leitura para ajudar no trabalho criativo
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Para ouvir nossa conversa completa:
Nas redes sociais você encontra o Téo pelo @teocostela. Ouça o EP Triste com Ruídos na íntegra e seja curioso. 😉