O nosso inconsciente costuma assimilar momentos importantes de nossas vidas com canções. É como uma viagem que as mesmas músicas ficam tocando repetidamente, uma canção que toca no final daquele seu filme favorito ou aquelas músicas toscas que tocavam no clube durante a sua infância. Mais comum ainda é a combinação pessoas + romance + música. “Echo”, do Incubus, é um desses casos.
Presente no excelente Morning View, de 2001, (também conhecido como o melhor disco da banda e meu CD favorito) a música me faz lembrar dessa garota que trabalhou comigo há alguns anos. Ela era uma geminiana muito esquisita que apareceu de repente e me deixou intrigado. Eu gosto de gente estranha e tal, mas ela batia o recorde. Foi praticamente um caso de amor à primeira vista. Aquele jeitinho estranho me conquistou. Infelizmente, não tinha como saber que com essa esquisitice também vinha acompanhado um pouco de loucura.
Eu havia terminado um relacionamento na época (para variar) e já estava disposto a investir em algo novo com alguma pessoa que parecesse ser interessante o suficiente para me cativar. Na verdade, bastaria eu conhecer alguém que gostasse de U2, Pearl Jam e/ou Led Zeppelin. Essa minha colega de trabalho preenchia todos esses pré-requisitos, além de ser dura na queda. Durante os meses em que tivemos contato, era um custo para ter respostas para meus e-mails (ok, talvez eu tenha exagerado na quantidade), meus SMS (ok, eu também acho que posso ter mandado mensagens além da conta), além de se esquivar sempre que eu tentava marcar algum encontro. A pior parte foi que ela desapareceu de repente. Agora, pensando bem nessa história, se desconsiderarmos a chance dela ter sido ameaçada pela minha ex-namorada, a Renata da história da coluna anterior, eu poderia apostar dinheiro como ela tinha um namorado e me usou como estepe por algumas semanas.
Voltando para a parte que interessa, que é falar de “Echo”, realmente havia algo especial no olhar e no jeitinho dela. (Acredito que ela mancava um pouco, mas não é disso que estou falando).
“There’s something about the look in your eyes / something i notice when the light was just right” é sobre o jeito que comecei a me sentir depois de beber algumas cervejas num bar sujo na Savassi, em BH, e encarar aqueles olhos verdes. Vale dizer que eu era inexperiente nessa arte de beber e obviamente fiquei tonto. Claro que a culpa era dos olhos dela, né?
“There’s something about the way you move / i see your mouth in slow motion when you sing”, lembra o primeiro dia em que a gente se beijou (ouvindo “All I Want Is You”, do U2) e ela cantava baixinho a música. Ou seja, “Echo” me faz lembrar dessa colega de trabalho e também de uma música do U2. Uau. (Afirmo que realmente estou inclinado a acreditar que ela namorava e eu demorei mais de cinco anos para perceber isso)
Já o refrão, “could you show me dear? something i’ve not seen”, não é algo que me faz lembrar apenas dela, mas também de qualquer outro relacionamento. Se a gente decide se envolver com alguém, não estamos em busca de experiências que não mudem as nossas vidas. Nós precisamos de algo inédito, algo que mexa conosco de verdade.
Numa próxima edição contarei mais sobre essa minha ex-colega. Há no mínimo mais duas canções que me fazem querer reencontra-la e dizer: “essa me lembra você”, mas o fato é que ela desapareceu com a mesma velocidade em que surgiu na minha vida. Acontece.
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