No fervoroso universo da música, cada ano é marcado por uma eclética sinfonia de sons que estabelece novas nuances culturais e resgata samples do passado com a esperança de parecer algo do futuro.
À medida que o ano de 2023 chega ao seu fim, é hora de refletir sobre os álbuns que se destacaram, moldaram experiências e resistiram ao teste do tempo auditivo. Nesta seleção dos 34 melhores álbuns do ano, a escolha do número 34 transcende a mera ordem numérica, ela se insere no intrigante campo da minha numerologia pessoal ou seja, tudo nesta lista reflete exclusivamente a minha perspectiva da indústria musical em 2023.
Cada posição na lista representa uma jornada pessoal através dos ritmos e experiências que me transportaram para outro nível de maneira mais divertida ou ate mesmo depressiva. Vamos lá?
1) Did You Know That There’s a Tunnel Under Ocean Blvd, da Lana Del Rey
Lançamento: 24 de março de 2023
Minha viagem sonora predileta, sem dúvida, é o mais recente álbum de Lana Del Rey. A qualidade do disco supera qualquer lançamento anterior da artista, alcançando um nível indescritível.
Com perfeição em composição, produção e conceito, Did You Know That There’s a Tunnel Under Ocean Blvd é um grito para que Lana nunca seja esquecida na indústria musical. Em contraste com as canções de dois minutos predominantes, a coletânea de 16 músicas proporciona uma experiência paradisíaca que se estende por mais de uma hora.
O álbum, destaque do ano, é coroado pela faixa “A&W”, encerrando qualquer debate sobre Lana Del Rey ser uma artista de uma única música.
2) RAVEN, de Kelela
Lançamento: 10 de fevereiro de 2023
O álbum Raven, de Kelela, é uma criação audaciosa que desafia as convenções musicais, oferecendo uma experiência transcendental com composições lineares e uma identidade visual enigmática. Cada faixa revela-se uma obra-prima da música experimental, enquanto a coesão entre o visual e o sonoro cria uma imersão única.
3) ARREPIADA, de Julia Mestre
Lançamento: 12 de abril de 2023
Sempre que estou percorrendo uma rua bem iluminada à noite de carro, inevitavelmente, o refrão da música “Meu Paraíso” explode em minha mente. Julia Mestre, minha mais surpreendente descoberta de 2023 (um agradecimento especial à nossa querida amiga de redação, Bárbara Moreira), nos conduz por uma jornada arrepiante, capaz de refletir os sons do passado e articular ideias voltadas para o futuro.
A presença marcante da raiz brasileira em seu disco confere-lhe uma vanguarda única, solidificando Julia como uma das artistas mais promissoras da música nacional.
4) Red Moon in VENUS, de Kali Uchis
Lançamento: 03 de março de 2023
Em 2023, tornou-se praticamente inevitável não se render ao envolvimento viciante proporcionado por “Moonlight” e “Moral Conscience”. Kali Uchis, na minha perspectiva, representa o equilíbrio perfeito entre o mainstream que cativa a nova geração e aquele que se comunica muito bem com a antiga. Em sua obra, Red Moon in VENUS, a cantora conduz uma envolvente jornada que explora o ápice da sensualidade musical, que cada arranjo e composição harmonizam-se de maneira sublime com o conceito estabelecido por Kali.
5) Nadie Sabe Lo Que Va a Pasar Mañana, de Bad Bunny
Lançamento: 13 de outubro de 2023
Em Nadie Sabe Lo Que Va a Pasar Mañana, o renomado cantor porto-riquenho Bad Bunny, carinhosamente apelidado nacionalmente como o “nosso coelhão que deve alguns shows no Brasil” (risos), presenteia os ouvintes com uma das experiências sonoras mais complexas do ano.
O álbum não apenas mantém uma continuidade que prende o fôlego, mas também se destaca por uma exploração sonora que vai além dos limites dos instrumentais convencionais. A voz imponente de Bad Bunny harmoniza-se majestosamente com os instrumentais de tirar o folego, entrelaçados com uma variedade de outros sons, proporcionando uma fusão única de elementos auditivos.
O disco, assim, se revela como uma experiência sensitiva unificada, permitindo que o ouvinte mergulhe profundamente em cada faixa, vivenciando a riqueza musical sem precisar sair do lugar.
6) THE OTHER ONE, do BABYMETAL
Lançamento: 24 de março de 2023
Antes, preciso dizer: MAIS UM ANO TERMINA E O BABYMETAL NÃO VEIO FAZER SHOW NO BRASIL!!!!
Bom, vamos lá! Absolutamente impactante, a experiência sonora proporcionada pelo BabyMetal é verdadeiramente libertadora. O álbum The Other One surge como a ponte que solidifica as talentosas integrantes em um patamar de excelência musical, onde a mestria vocal e a qualidade sonora se entrelaçam de maneira sublime. Este trabalho não apenas respeita as raízes do BabyMetal, mas também inova ao abrir novas perspectivas dentro do gênero.
Cada faixa do álbum é uma jornada épica, começando com a imponente “METAL KINGDOWN”, que não apenas inaugura o disco, mas também estabelece o tom majestoso que segue toda a obra. A faixa, “Monochrome”, é uma explosão de energia inigualável, deixando o ouvinte sem palavras diante de sua intensidade. O ápice emocional é alcançado em momentos como esse, onde a habilidade do BabyMetal em transcender as fronteiras do convencional atinge seu ápice.
7) Shades Of Sorrow, da Crypta
Lançamento: 04 de agosto de 2023
Aqui, buscam pelo ápice do death metal, pela excelência na gritaria, pela experiência ao vivo definitiva?
Do meu ponto de vista, nada se equipara à autenticidade, poder, agressividade e “explosividade” presentes na música das talentosas integrantes do Crypta. Posicionando-se como um dos lançamentos mais significativos no mercado do metal, o álbum Shades Of Sorrow entrega precisamente o que se espera dele: uma imersão explosiva e tradicional no gênero.
Caro leitor, se me permite uma sugestão, ouça-me: você não pode perder a oportunidade de vivenciar este álbum ao vivo, é uma experiência transcendental.
8) Desire, I Want to Turn Into You!, de Caroline Polachek
Lançamento: 14 de fevereiro de 2023
WELCOME TO MY ISLAND, baby!!! Esse aqui é pra quem diz que diva alternativa não sabe cantar pop (risos).
O quarto álbum da Caroline Polachek, intitulado Desire, I Want to Turn Into You!, não apenas aqueceu, mas incendiou o cenário do pop alternativo com uma obra repleta de estilo e uma personalidade única. As composições e melodias presentes neste álbum transcendem as fronteiras do convencional, conquistando o coração de qualquer ouvinte que se aventura por suas faixas, e realmente impressionante o quão longe o disco chegou.
Considerado um dos pontos altos da carreira da artista, o álbum não apenas cativa auditivamente, mas também visualmente, com uma capa icônica que se tornou objeto de inúmeros memes e discussões na web, dando de vez um chute de 2 pés na famosa maldição do 4º álbum.
9) The Record, do Boygenius
Lançamento: 31 de março de 2023
O supergrupo indie americano formado pelas talentosas cantoras e compositoras Julien Baker, Phoebe Bridgers e Lucy Dacus representa uma fusão única que poderia oscilar entre o sucesso e o fracasso, no entanto, felizmente, testemunhamos a formação de um dos grupos mais icônicos de nossa geração.
Em seu álbum inaugural, intitulado The Record, o trio apresenta uma coleção de faixas que estabelecem uma envolvente harmonia entre si, instigando discussões e reflexões profundas. A experiência sonora é verdadeiramente profunda, constituindo um espetáculo por si só, onde a interação entre o instrumental e as vozes, aliada à habilidosa montagem, ressoa de maneira tão coesa que o disco pode ser equiparado a uma narrativa cinematográfica perfeita, com um início, meio e fim.
10) That! Feels Good!, da Jessie Ware
Lançamento: 28 de abril de 2023
É praticamente impossível imaginar que um álbum com um single tão marcante como “Free Yourself” possa dar errado, especialmente quando se trata da icônica Jessie Ware, a diva conhecida por sua elegância singular e aclamada como a mulher mais chique do mundo, a nossa loba.
Em That” Feels Good!, ela não apenas entrega o que promete, mas nos presenteia com um disco tradicional que se destaca tanto como trilha sonora para a limpeza da casa quanto na mais efervescente pista de dança. A cantora personifica de maneira impecável uma persona que proporciona uma experiência avassaladora, tanto sonora quanto visual.
Jessie Ware vem de uma série de lançamentos de excelência, tornando quase inacreditável que esta diva tenha cogitado encerrar sua carreira. Fica evidente que nossa rainha ainda tem muito a oferecer. Enquanto ouço a envolvente “Pearls” neste exato momento, não posso deixar de pensar em buscar um colar de pérolas e preparar dois cosmopolitans para desfrutar com minhas amigas no melhor estilo Sex and the City.
11) The Land Is Inhospitable and So Are We, de Mitski
Lançamento: 15 de setembro de 2023
Ao ser revelado o título de The Land Is Inhospitable and So Are We para este álbum, já soube que estava prestes a embarcar em uma jornada musical interessante. Apesar de sua brevidade, o disco revela uma proposta intrigante, habilmente desenvolvida em suas poucas faixas. Mitski, com maestria, explora as nuances da sua nova abordagem musical, capturando tudo de positivo que essa proposta inovadora tem a oferecer.
No entanto, ao ouvir o disco, surge um questionamento fascinante: será que, verdadeiramente, somos tão inóspitos quanto sugere o título do álbum?
12) God is an Endless Mirror, de Jayli Wolf
Lançamento: 22 de setembro de 2023
Em um breve lapso temporal, a narrativa de God is an Endless Mirror revela-se como um reflexo interminável, encapsulando a genialidade da artista Jayli Wolf.
Cada faixa desempenha o papel de um elo coeso, formando uma narrativa que nos transporta para uma dimensão obscura, assemelhando-se a um filme de tons cinzas e diálogos extensos. O EP, enigmático e expositivo (sim, parece algo impossível, e sem sentindo algum, mas, não é), desvenda as composições complexas que são capazes de movimentar o coração alternativo.
A fluidez, às pontes sonoras e transições impressionantes são de tirar o fôlego, enquanto a abordagem linear do álbum respeita meticulosamente seus próprios limites, ultrapassando a linha de chegada a cada momento, como se desafiando constantemente a si mesmo.
13) Golden, de Jungkook
Lançamento: 03 de novembro de 2023
Em 2023, abordar a significativa contribuição do K-POP para a indústria musical transcende o simples debate, não concorda? Se você ainda pertence ao grupo de pessoas que mantêm uma atitude cética em relação a esse gênero musical, permita-me sugerir algo: OUÇA K-POP!
O cantor Jungkook, que aproveitou o intervalo do BTS (sim, compartilhamos o sofrimento por aqui), apresenta um trabalho pop coeso em seu disco de estreia como artista solo. Golden é digno de toda a aclamação que tem recebido. As faixas não apenas conquistaram sucesso em plataformas virais de redes sociais, mas posicionaram o artista como um nome pop interessante. Ele incorpora toda a maturidade adquirida durante sua trajetória no BTS, interpretando um dos melhores discos pop dos últimos anos.
Eai, seu fav tem uma “Standing Next to You” na carreira?
14) Vício Inerente, da Marina Sena
Lançamento: 27 de abril de 2023
SEM MEDO DE HITAR!
Inquestionavelmente, Marina Sena se destaca como uma das maiores hitmakers deste ano! Seu álbum Vício Inerente não apenas é envolvente, mas também profundamente viciante (irônico, não acha? risos).
A singularidade de sua voz, os vícios de linguagem e a pulsante sensualidade impregnada em cada faixa tornam o álbum uma experiência imersiva e apaixonante. Marina, verdadeiramente, eleva a música brasileira a um novo patamar. O disco não se limita a ser apenas uma coleção de canções é uma jornada pelos desejos mais íntimos e reflexões sobre o amor, apresentando inclusive músicas menos pretensiosas que se encaixam perfeitamente no cotidiano.
Vale ressaltar que a trajetória de Marina nos últimos anos foi marcada por desafios complexos, enfrentando debates sobre seu talento e a existência de espaço para ela na indústria musical. No entanto, sua persistência tem sido recompensada diariamente, demonstrando de forma incontestável que veio para ficar, consolidando-se como um nome efervescente na música nacional.
15) everything is alive, do Slowdive
Lançamento: 01 de setembro de 2023
Em everything is alive, o Slowdive proporciona uma viagem psicodélica e experimental incomparável, tornando-se a experiência auditiva definitiva deste ano. O álbum representa a síntese magistral de todas as conquistas anteriores da banda, uma visão brilhante de sua evolução ao longo da carreira.
A voz envolvente, acompanhada por arranjos sonoros experimentais e sintetizadores habilmente entrelaçados, cria uma atmosfera virtuosa. Os solos estrondosos são capazes de arrebatar qualquer ouvinte, conferem uma dimensão transcendental à obra. Cada faixa oferece um mergulho profundo na mente dos idealizadores, revelando camadas solidificadas de criatividade e profundidade emocional.
16) The Age Of Pleasure, de Janelle Monáe
Lançamento: 09 de junho de 2023
Janelle Monáe sempre esteve na posição de uma das artistas mais disruptivas da nossa geração, e é verdadeiramente fascinante observar como ela habilmente explora cada faceta que se propõe a abordar. Sua mais recente obra, The Age Of Pleasure, exemplifica uma qualidade estrutural impressionante.
Ao longo do álbum, Monáe não apenas mergulha em sua sensualidade, mas também assume uma postura marcante no movimento feminista. O que torna essa obra ainda mais intrigante é a revelação de um lado mais vulnerável da artista, uma dimensão que não havia sido explorada de maneira tão profunda em seus trabalhos anteriores. Ao vivenciar a experiência sonora proposta por esse disco, é notável como Janelle Monáe se revela em uma posição mais humana, surpreendendo-me com uma perspectiva que, apesar de seus muitos anos de carreira e conquistas, eu não conhecia.
Me sinto, de alguma forma, mais próximo de compreender plenamente a mensagem que ela deseja transmitir ao mundo.
17) Tension, da Kylie Minogue
Lançamento: 22 de setembro de 2023
Durante o natal minha família me pediu para levar farofa de qualidade. Bom, eu comprei uma copia de Tension para cada um deles (piada de twitter/x? sim! porem, tão boa quanto PADAM, padam, PADAM!).
Alguém já desvendou o verdadeiro significado de “PADAM PADAM”? Até agora, confesso que eu não descobri, mas aqui estamos, imersos no dançante estrondo de uma das maiores artistas da historia. É fascinante observar todo o desenvolvimento presente em seu mais recente álbum.
Kylie Minogue, com maestria, reafirma que o Pop farofa não está morto, ele simplesmente estava sendo subestimado. Demonstrando que uma das maiores lendas do pop é uma das poucas habilitadas a evidenciar que é possível se entregar à pista de dança e vivenciar músicas de qualidade superior. O disco revela, de maneira exuberante, que a artista não apenas ressuscita o gênero, mas também o revigora, proporcionando uma experiência auditiva envolvente que desafia qualquer preconceito anterior sobre música pop.
18) My 21st Century Blues, de RAYE
Lançamento: 03 de fevereiro de 2023
Compreende-se que a música atinge uma nova dimensão quando se consegue captar e compreender a mensagem que o artista pretende transmitir. Mesmo que não se esteja pessoalmente envolvido na mesma situação descrita na canção, há a capacidade de refletir sobre as emoções expressas, levando-nos a pensar: “Cara%$o! o que essa pessoa passou para compor essa música?” Um exemplo que ilustra isso perfeitamente é o trecho abaixo, da faixa “Escapism”:
A little context if you care to listen
I find myself in a shit position
The man that I love sat me down last night
And he told me that it’s over, dumb decision
And I don’t wanna feel how my heart is rippin’
In fact, I don’t wanna feel, so I stick to sippin’
And I’m out on the town with a simple mission
In my little black dress, and this shit is Sittin
O mergulho profundo nas emoções e situações propostas por RAYE torna-se evidente em todas as faixas do álbum, criando uma narrativa coesa e envolvente. É impressionante como cada elemento se entrelaça harmoniosamente, conduzindo o ouvinte por uma jornada melancólica guiada pela poderosa voz da artista.
19) AUSTIN, de Post Malone
Lançamento: 28 de julho de 2023
Post Malone surpreende com AUSTIN, uma obra-prima que representa uma virada impressionante em sua carreira. Com produção majestosa e uma fusão inovadora de elementos eletrônicos e orgânicos, o álbum destaca-se pela poderosa “Something Real”.
Revelando um lado mais vulnerável, Post Malone transcende a si mesmo, deixando uma marca significativa na história da música com este trabalho de redenção.
20) UTOPIA, de Travis Scott
Lançamento: 28 de julho de 2023
O álbum UTOPIA, de Travis Scott, se destaca como um ponto de evolução musical e conceitual do hip-hop, superando seus trabalhos anteriores, incluindo o popular AstroWorld.
Com uma produção interessante, o disco explora camadas sonoras, samples e arranjos complexos, transcendendo as expectativas do rap atual. A narrativa coesa retrata a busca pela perfeição em um mundo ilusório, proporcionando uma experiência imersiva e envolvente. Apesar de alguns desvios e dependência visual, o álbum conta com participações notáveis – como Beyoncé – e destaca faixas como “MY EYES” e “CIRCUS MAXIMUS”, consolidando Travis Scott como um dos nomes mais fortes do cenário atual.
21) Afrodhit, da Iza
Lançamento: 03 de agosto de 2023
Iza, uma artista que sempre deixou saudades em seus prolongados intervalos entre lançamentos, finalmente brilha em 2023 com a chegada de seu visceral álbum Afrodhit, elevando-a ao patamar de uma das artistas mais expressivas e poderosas em nosso cenário musical atual.
O disco não apenas marca um retorno aguardado, mas também sintetiza de maneira majestosa o complexo momento pelo nossa imperatriz passou. Iniciando com a faixa “Nunca Mais”, o álbum se revela como um desabafo sincero, colocando a cantora em uma posição de certa vulnerabilidade. Apesar de a parte visual não entregar imediatamente toda a fragilidade e sentimento presentes no disco, este se transforma em uma envolvente jornada de redenção. Ao longo das faixas, testemunhamos uma metamorfose musical que transcende o desabafo inicial, evoluindo para canções de libertação e amor.
FÉ NAS MALUCA!
22) Heaven Knows, de PinkPantheress
Lançamento: 10 de novembro de 2023
Se a classificação se pautasse pela estética das capas, o álbum Heaven Knows, da PinkPantheress, ocuparia, sem dúvida, a posição de destaque. Sua capa não apenas se revela como uma verdadeira obra de arte, mas também reúne de forma sucinta a essência do disco.
Ao longo das 13 faixas curtas, porém profundas, a obra navega habilmente por uma variedade de temas, transitando entre a autoestima feminina e as complexidades do amor, resultando em um dos álbuns mais gostosinhos do ano. O disco abraça uma identidade que evoca fortemente os conceitos musicais do início dos anos 2000, mas surpreendentemente se mantém totalmente relevante nos dias atuais.
23) Back to the Water Below, do Royal Blood
Lançamento: 08 de setembro de 2023
Back to the Water Below representa, sem dúvida, a expressão mais marcante da banda desde seu primeiro lançamento. Com um ambiente que remete ao autêntico rock de garagem, o disco exibe uma fusão de elementos que se traduzem em refrãos apoteóticos e uma marcante personalidade.
Destaque para a faixa “Pull Me Through”, que se posiciona como uma das melhores já apresentadas pela banda, tornando-se o ponto alto do álbum. Descreveria o álbum como um “caos imersivo”, uma experiência sonora que se destaca e se funde de maneira estrondosa ao caos ao seu redor.
24) Five Easy Hot Dogs, de Mac DeMarco
Lançamento: 20 de janeiro de 2023
Após o momento complexo que vivemos nos últimos anos, o cantor Mac DeMarco passou a perceber que a criação musical tinha se transformado em uma tarefa banal, um ofício a ser separado do seu verdadeiro eu. Tornou-se um ciclo: compor uma música, gravar, lançar, realizar turnês e recomeçar.
Em seu mais recente álbum, Five Easy Hot Dogs, ele traça uma linha divisória clara entre sua vida pública e privada. O disco não só explora o talento do cantor, que aparenta viver seu auge criativo, superando a saturação anterior, mas também captura de forma perspicaz o atual momento do artista. Se o álbum pudesse ser resumido em uma palavra, seria “reflexão” – uma reflexão profunda sobre a vida e a indústria musical.
O trabalho revela como mantemos uma relação complexa, por vezes até mesmo cafajeste, com a música, abordando a intricada interseção entre a expressão artística e as demandas da indústria fonográfica.
25) No Tempo da Intolerância, de Elza Soares
Lançamento: 23 de junho de 2023
A lenda Elza Soares, que nos deixou no início de 2022, presenteia-nos com sua voz marcante em um álbum que destaca a força das compositoras. Este trabalho não se limita apenas a uma experiência musical, mas transcende, proporcionando uma reflexão profunda sobre a realidade do nosso país, as questões enfrentadas por minorias e, evidentemente, celebrando o poder feminino.
Elza surge como símbolo de arte, futuro e música entrelaçados. O álbum, dominado por uma produção notável e acordes tradicionais da rica musica brasileira, revela-se como um centro cultural, destacando-se como uma expressão do poder e da visão visionária de uma mulher extraordinária. Elza Soares não apenas deixa um legado sonoro, mas também se estabelece como um farol cultural, incitando discussões relevantes sobre temas cruciais por meio de suas músicas. Sua perspectiva de mundo elevada ressoa, transformando cada nota em um testemunho do seu impacto duradouro na cena musical brasileira e na sociedade como um todo.
26) Angel Face, de Stephen Sanchez
Lançamento: 22 de setembro de 2023
Angel Face, de Stephen Sanchez, é um álbum autêntico que transcende as eras musicais, destacando-se como uma obra esplendorosa. Cada faixa, notavelmente “Be More”, oferece uma experiência mágica que combina influências do passado com um toque contemporâneo, enquanto o material visual eleva a obra para uma jornada única e emocionante.
Este álbum é um testemunho do talento e da visão artística de Sanchez, deixando uma marca duradoura na indústria musical.
27) Chaos Horrific, do Cannibal Corpse
Lançamento: 22 de setembro de 2023
Figura onipresente na vida de muitos nascidos nas décadas de 80 e 90, o Cannibal Corpse estabelece-se de maneira incontestável, seja através das marcantes composições musicais ou das icônicas camisetas que eram figuras presentes nos guarda-roupas dos fãs no início dos anos 2000.
O lançamento de seu mais recente álbum não apenas consolida, mas eleva a excelência de sua obra pregressa. Ao abordar a trajetória da banda, é inevitável não destacar a noção de continuidade e fidelidade, tanto em relação à sua sonoridade singular quanto aos temas intrépidos presentes em suas composições.
Chaos Horrific não foge à tradição, proporcionando aos ouvintes exatamente aquilo que se espera da banda: uma experiência musical audaciosa, explosiva e profundamente pesada, verdadeiramente digna do gênero ao qual pertencem.
28) Fim do Autoengano, de Indigo Mood
Lançamento: 27 de julho de 2023
Gostaria sinceramente de entrar por três dias na mente dos criadores do projeto Fim do Autoengano para me aprofundar ainda mais em uma das minhas maiores obsessões do ano.
Descobri o trabalho da Indigo Mood no início do segundo semestre e, desde então, tenho mergulhado diariamente no disco Fim do Autoengano. A abordagem experimental, a riqueza de tons azuis e a complexidade do desenvolvimento sonoro na obra são verdadeiramente envolventes, tornando-se uma fonte de vício constante em minha rotina.
29) Truque, de Clarice Falcão
Lançamento: 10 de agosto de 2023
Clarice Falcão destaca-se como uma das artistas mais autênticas em nosso cenário musical nacional. Em seu mais recente projeto, intitulado Truque, a artista mergulha em um universo de criatividade e revela seu potencial vocal de maneira extraordinária.
O disco não apenas apresenta canções, mas sim constrói narrativas habilmente entrelaçadas, onde Clarice conta diversas histórias que se encaixam perfeitamente. Este álbum representa uma jogada de mestre em meio a uma indústria musical repleta de artifícios e truques, destacando-se não apenas pela qualidade sonora, mas também pela habilidade da artista em conduzir seus ouvintes por uma experiência única.
30) Goodnight, God Bless, I Love U, Delete, do Crosses
Lançamento: 13 de outubro de 2023
Crosses – o projeto musical paralelo do vocalista do Deftones, Chino Moreno, e do guitarrista do Far, Shaun Lopez – tem sua base em Los Angeles, Califórnia, e foi formado em 2011.
O álbum Goodnight, God Bless, I Love U, Delete é incontestavelmente um manifesto de personalidade, emitindo um grito ousado que proporciona uma experiência alternativa futurista. As faixas, deliberadamente desvinculadas entre si, colaboram para criar um ambiente narrativo experimental, caracterizando-se como um dos projetos musicais mais marcantes do ano.
31) Wi-Fi da Floresta, do Cronixta
Lançamento: 19 de setembro de 2023
O Wi-Fi da Floresta está ligado!
O álbum do talentoso rapper paraense Cronixta solidifica suas raízes, consolidando uma narrativa coesa e profundamente enraizada em faixas habilmente entrelaçadas. Cada canção, meticulosamente alinhada, transmite uma poderosa mensagem de liberdade, amor e expressão artística elevada.
O ponto alto sonoro do disco vai além da produção musical, explorando uma visão expandida do próprio artista. Cronixta não apenas se destaca como um músico contemporâneo, mas também projeta uma análise aguçada do momento presente, oferecendo uma perspectiva única sobre a realidade que vivemos. Em Wi-fi da Floresta, Cronixta dá um salto para o futuro da música brasileira, consolidando seu lugar como um dos nomes mais promissores do cenário musical atual.
32) Screaming to the World, do Chromeskull
Lançamento: 20 de julho de 2023
Impossível negligenciar a presença do poderoso álbum Screaming to the World em qualquer seleção de discos do ano, especialmente quando contemplado pela estrondosa faixa “Dog Soldiers”.
A banda Chromeskull transcende as fronteiras convencionais do gênero musical ao explorar sua arte de maneira inovadora e arrojada. O álbum proporciona uma experiência sonora sofisticada, onde as composições, embora evocativas de elementos tradicionais, se revelam como um vibrante manifesto para o futuro da música.
Toda vez que ouço o disco, inevitavelmente sou transportado para recordações de outras bandas – como Judas Priest, ressaltando a influência presente a obra. No entanto, a genialidade do Chromeskull vai além da inspiração, desafiando os limites convencionais e revelando um amadurecimento notável. Cada faixa exibe a maestria dos integrantes, consolidando não apenas um álbum, mas uma proeza artística que destaca a habilidade singular de cada membro da banda.
33) Candy Pop, do Awolnation
Lançamento: 10 de novembro de 2023
TACA O PLAY DJ DO MADAME! (Piada interna limitada a moradores de São Paulo frequentadores de clubs undergrounds).
O projeto Candy Pop, da banda Awolnation, intriga ao evocar reminiscências das obras cinematográficas de terror do passado. Sua musicalidade singular pinta um cenário quase horripilante, capaz de se integrar de maneira inusitada à atmosfera de uma vibrante balada gótica.
Em apenas algumas faixas, a habilidosa exploração sonora constrói um contexto de identidade tão marcante que, de maneira paradoxal, dispensa a necessidade de complementos musicais adicionais. Nesse sentido, a obra não apenas ressoa como uma experiência linear, mas também se estabelece como um convite à imersão profunda em seu universo sonoro, onde cada nota desencadeia uma narrativa sonora hipnótica.
34) AS PALAVRAS, VOL. 1 & 2, do Rubel
Lançamento: 03 de março de 2023
Um dos projetos mais ambiciosos deste ano destaca-se pela sua espetacular exploração e a narrativa visual, em particular, é a força essencial que suscita minha completa paixão pelo álbum AS PALAVRAS, VOL. 1 & 2, do talentoso cantor brasileiro Rubel.
Ao longo dessa envolvente narrativa, o músico nos convida a mergulhar completamente em seu universo criativo. Notavelmente, o álbum não apenas se destaca como uma experiência cativante em ambiente doméstico, mas também flui de maneira impecável em apresentações ao vivo, consolidando-se como uma das obras mais coesas do cenário musical nacional em 2023.