Em sua primeira passagem pelo Brasil, em 2017, Max Kakacek e Julien Ehrlich, do Whitney estavam exaustos. Mas, seis anos depois, os dois estão de volta — e muito mais dispostos — para tocar no Balaclava Fest, festival que acontece no próximo domingo (19) em São Paulo!
A dupla estadunidense traz para terras paulistas um show para promover seu quinto lançamento, o disco SPARK (2022), que marca uma nova fase da sonoridade da banda, sem deixar de fora músicas que marcaram a carreira, como é o caso de No Woman, do disco de estreia Light Upon the Lake (2016) — que foi elogiado por ninguém mais, ninguém menos do que Sir Elton John.
Conversamos com a dupla para saber quais são as expectativas do novo show de Whitney no Brasil, sobre o processo de gravação de SPARK e até mesmo sobre Britney Spears!
Entrevista com o Whitney, dupla que toca no Brasil no Balaclava Fest
Formada pela dupla Julien Ehrlich, baterista e vocalista, e o guitarrista Max Kakacek, o Whitney, retorna ao Brasil acompanhados de sua banda após seis anos de sua primeira passagem por aqui, quando se apresentaram em uma noite promovida pela Balaclava no Fabrique Club, em São Paulo, em novembro de 2017.
É a segunda vez que Whitney vem ao Brasil, certo? Quais foram suas impressões na primeira vez aqui?
Julien Ehrlich: Eu não diria que estávamos apaixonados por toda a América do Sul naquela primeira viagem. Estávamos super exaustos depois de dois anos consecutivos de turnê e acho que não tivemos um gerente de turnê naquela primeira vez. Nós chegávamos, fazíamos o show e depois íamos para o aeroporto durante a noite, com olhos vermelhos, para fazer um show na próxima cidade. Depois, repetíamos tudo.
Então nós acabamos e… Eu acho que fiquei na Cidade do México por uma semana depois disso com minha namorada e eu fiquei doente!
Eu sei que todos nós gostamos de nos conectar espiritualmente com a América do Sul, que amamos a comida, as pessoas e tudo mais e, honestamente, como as pessoas ficam empolgadas com a música e a música ao vivo. Então, acho que nós nos sentimos muito energizados pelo lugar, mas também totalmente destruídos pela agenda da turnê.
E o que vocês esperam do país, do festival e do público dessa vez?
Max Kakacek: Da última vez que tocamos em São Paulo, acho que o público era ótimo! Fui convidado para curtir uma after party que algumas pessoas organizaram e foi tipo, todo mundo foi tão gentil e hospitaleiro. Nós nos divertimos muito! Na verdade, fomos da festa para o aeroporto, o que foi um pouco irresponsável…
SPARK, seu último disco, é uma espécie de afastamento de seus trabalhos anteriores. Por que vocês decidiram se afastar da sonoridade que tinham antes?
J.E.: Eu acho que os dois primeiros discos que fizemos foram feitos com muitas das mesmas ferramentas: gravamos quase tudo em fita e tocamos a maioria das músicas no violão.
Depois de fazer esses dois discos, sabíamos que tínhamos que expandir o som e começamos a escrever muito. Ou escrever muito mais no piano. Paramos de gravar em fita. Nós simplesmente queríamos mudar nosso processo.
E acho que precisávamos fazer isso para fazer outro disco. E agora nós, você sabe, acho que apenas para toda a nossa jornada criativa, parece que podemos fazer o que quisermos agora. Podemos voltar a gostar, podemos ver o violão sob uma nova luz, o que é muito bom.
Quanto às suas influências nesse disco, quais foram os artistas que vocês estavam ouvindo e pensaram “preciso colocar isso no álbum”?
M.K.: Eu acho que era mais como se estivéssemos injetando um pouco mais do início dos anos 2000, do final dos anos 90, pop e R&B no som. Eu e Julian sempre gostamos disso quando crianças e sempre fez parte das nossas playlists.
Vocês falaram muito sobre a influência do início de 2000… Vocês ouviam Britney Spears?
J.E.: Nós amamos Britney Spears! Tipo, como você pode não conhecer ela? Eu simplesmente me sinto uma criança [ouvindo Britney].
Ouviram falar sobre o que tem acontecido com ela nos últimos tempos?
J.E.: Ela estava no auge de sua carreira musical e era algo realmente especial. Eu realmente não sei muito sobre o que está acontecendo. Eu sei que a coisa da tutela é obviamente super fodida. Somos time Britney e queremos apoiá-la.
M.K.: Cada uma das nossas amigas pegou o livro e ficou tipo “sim, eu chorei o tempo todo”. Todo mundo se sente tão conectado com a história. Mesmo que seja triste, é legal ver você se conectar tanto com ela.
Vocês falam muito sobre amor em suas músicas e é um tema muito recorrente em muitas outras obras. Como vocês conseguem falar sobre amor sem fazer se tornar algo chato ou meloso?
J.E.: Acho que é isso que sinto desde que esse projeto começou. As primeiras músicas eram sobre os términos que Max e eu tivemos no ano anterior. Acho que é por isso que percebemos que as coisas que estávamos fazendo pareciam realmente especiais: foi porque fomos capazes de escrever sobre algo tão desgastado. Você sabe, são os tópicos típicos de fim de namoro para fazer com que pareça algo novo e algo de que estávamos genuinamente orgulhosos.
Por isso que escrever músicas é difícil: porque deve ser especial, liricamente falando. E é muito difícil fazer isso.
Sei que Elton John é um grande fã de vocês. Mas, me digam: de quem vocês são fãs?
J.E.: Max acabou de mencionar isso na última entrevista que fizemos, mas tem um rapper de Nova York chamado MIKE, que acabou de lançar um disco chamado Burning Desire. É realmente muito bom. E eu sinto que ele é extremamente prolífico, e ele não está divulgando nada ruim, o que é raro.
M.K.: Também há uma banda local de Chicago, Shout Out. Também vi a banda dessa jovem chamada Free Range outro dia. Eles têm talvez 20 anos, talvez 21. São super jovens e aparentemente estão começando. E eu acho que são pessoas que estão realmente entendendo o que estão fazendo e parecem ser compositores muito talentosos.
Qual música vocês estão mais animados para tocar no Balaclava Fest?
M.K.: Hmm, sinto que, ultimamente, quando tocávamos músicas do SPARK, BLUE tem sido uma das minhas favoritas. Enquanto tocamos, realmente gostamos de entrar mais na dinâmica de uma música que é mais difícil.
J.E.: Sim, acho que BLUE… E NOTHING REMAINS. Quando essa música toca, quando a tocamos corretamente, é realmente muito poderoso para mim. Não sei se seremos capazes de tocá-la porque é um set de festival, mas às vezes tocamos TWIRL no final do set e também é realmente muito especial.
Sobre o Balaclava Fest
Desde 2015, o Balaclava Fest reúne nomes de destaque da música pop e alternativa nacional e internacional. Entre os artistas que já passaram pelos palcos do festival estão Fleet Foxes, Mac Demarco, Kelela, Shame, Terno Rei e Elza Soares.
Em 2023, o festival acontece na casa de shows Tokio Marine Hall, localizada na zona sul da capital paulista, e contará com nomes como Unknown Mortal Orchestra, American Football, Thus Love, Hatchie, PVA e os curitibanos terraplana e Shower Curtain, ambos pertencentes ao casting do selo Balaclava Records.
Serviço: Balaclava Fest 2023
Com Unknown Mortal Orchestra, American Football, Whitney, Hatchie, PVA e mais
Data: 19 de novembro de 2023
Local: Tokio Marine Hall – R. Bragança Paulista, 1281 – Várzea de Baixo (Próximo à estação João Dias / Linha 9-Esmeralda CPTM)
Horários do festival: Portas – 15h / Encerramento – 23h
Classificação etária: 16+
Ingressos: ingresse.com/balaclavafest23