A banda brasileira Ego Kill Talent revela seu mais recente lançamento musical com o lançamento do aguardado EP Call Us By Her Name. Produzido e mixado por Steve Evetts, colaborador de longa data, o projeto inovador está sendo apresentado ao mundo pela gravadora BMG.
O destaque não se limita apenas às novas músicas, mas também à presença marcante da talentosa Emily Barreto, nova vocalista da banda. Integrante também do aclamado Far From Alaska, Emily traz uma nova dimensão ao som já poderoso do Ego Kill Talent.
O momento marca uma fase emocionante na carreira da banda, que já conquistou notoriedade com os álbuns anteriores, Ego Kill Talent (2017) e The Dance Between Extremes (2020), este último gravado no lendário estúdio 606 dos Foo Fighters. O novo EP não só é uma extensão musical, mas uma afirmação da evolução artística da banda.
O Audiograma bateu um papo super descontraído com a banda presencialmente no escritório da BMG, em São Paulo. Você pode conferir a entrevista completa abaixo:
Hoje acompanhamos um momento bem interessante da música e, ouvindo as canções do EP, notei que ainda tem bastante influência de sons mais antigos da banda, mas com uma roupagem mais atual. No ponto de vista de vocês, isso vai se tornar uma tendência? Vermos bandas veteranas como vocês com uma visão exatamente ampla do futuro, mas sem perder a identidade estabelecida no passado?
É uma boa pergunta, eu me senti tendo um Delorean (risos), na verdade, acho que para quem está compondo, estamos apenas compondo. De maneira não cerebral. Estamos tentando dizer algo, talvez a conversa possa se voltar para algo mais energético. É interessante pensar no ano do Black Album do Metallica, em 1991, quando várias bandas lançaram álbuns marcantes, a maioria gravava na mesma cidade ao mesmo tempo. Isso reflete na concepção final.
No EP sinto elementos de álbuns passados, mas também a ideia do que está acontecendo agora. Vivemos um reflexo do passado, mas com um toque do futuro, Você trouxe à tona algo interessante, pois lembro do resgate do antigo, como o retorno do The Strokes e, mais recentemente, do The 1975.
A evolução musical converge para uma espécie de resgate do passado?
Sim, a música é cíclica. Não é diferente. A evolução na música reflete a vida pessoal e a busca por novidades. sendo cíclico, assim como na nossa vida pessoal. Ouvimos muita música nova, muitos artistas novos o tempo todo. Muitas vezes, a influência do passado ressurge de maneira inesperada. A convergência na arte é um processo natural ao longo das experiências pessoais e musicais.
Quando estamos compondo, não pensamos em imitar algo específico. Acontece de forma espontânea, e depois as comparações surgem, pois estamos sempre absorvendo novas influências e refletindo isso em nossa música.
Notamos o boom do mercado latino nos últimos anos. Vocês consideram lançar músicas em português?
Na verdade, não. Não temos nada contra, mas não planejamos isso no momento.
Quanto ao boom, é interessante observar quando algo se torna tão popular que acaba perdendo um pouco da autenticidade. Certamente, vemos isso como algo cíclico. O underground pode surgir com novos artistas e, eventualmente, se tornar parte do mainstream, por exemplo, a produção com timbres mais antigos, que há algum tempo seria considerada mal produzida, agora é vista como cool. O conceito de “cool” na música realmente muda ao longo do tempo. É interessante ver como as percepções evoluem.
Para o novo EP, optamos por ficar mais em nosso ambiente, no estúdio do Rafa, compondo de maneira mais intimista. Isso influenciou diretamente na sonoridade do EP, proporcionando uma experiência mais pessoal.
Atualmente, achamos que o inglês se encaixa bem com o que fazemos musicalmente. No entanto, nunca se pode dizer nunca, e se houver sentido em um momento futuro, podemos explorar músicas em português, até mesmo parcerias com artistas brasileiros.
Qual a diferença entre fazer shows no Brasil e shows fora do país?
O latino, de maneira geral, é mais apaixonado e efusivo, transmitindo uma energia mais intensa. Na Europa, as reações variam regionalmente, por exemplo, na Itália, onde o público também se destaca, mas de forma singular. O ambiente latino se caracteriza por uma calorosidade crescente à medida que nos aproximamos.
Na Europa, durante nossas apresentações, percebemos uma atmosfera mais contemplativa. O evento adquire um caráter mais refinado, assemelhando-se a uma experiência cinematográfica, com a plateia mais focada e polida. Por exemplo, observamos que muitas pessoas usam protetores auriculares nos shows na Europa, demonstrando uma atenção mais concentrada.
No Brasil, especialmente em lugares como Recife e Curitiba, onde tocamos em locais mais distantes, a atmosfera é mais calorosa e diversificada. Essa pluralidade de públicos é enriquecedora para nós como artistas. A troca de experiências entre plateias latinas e europeias nos desafia a entregar shows cada vez mais interessantes, ampliando nossa compreensão sobre como diferentes audiências se conectam com nossa música. Essas vivências positivamente influenciam na forma como planejamos e executamos nossas apresentações.
Pergunta direcionada a nova vocalista Emily Barreto: O cenário musical de rock no mundo está passando por transformações, especialmente no aumento da presença de mulheres, inclusive como vocalistas. Como alguém com muita experiência na área, qual mensagem você deixaria para uma jovem que está em casa, ouvindo sua música e pensando em seguir seus passos?
Beba água primeiro, porque pedra no rim dói muito! (breve comentário: durante a conversa constatamos que tanto o entrevistador quanto os demais integrantes da banda em algum momento já sofreram com probleminhas renais, enfim, continuando).
Comece fazendo o que você tem. Não espere ter um equipamento top de linha. Use o que está ao seu alcance, porque tenho certeza de que alguém se identificará, e se isso acontecer, já valerá a pena.
Em Curitiba tive uma experiência com uma fã, quando essa fã veio até mim emocionada, pensei na minha jornada. Inicialmente, eu não tinha nada, morava longe, sem apoio. Comecei uma bandinha só para cantar, chamada “Just a Band So Emily Can Sing”. E, sabe, o que mais gosto é essa troca com o público, quando eles vêm elogiar após o show.
Por fim, faça com o que você tem, mesmo que não esteja perfeito no início. É um processo, e se tiver que ser, você chegará onde deseja estar. Não exija muito de você mesmo. A vida é assim, e se algo está ruim, vai continuar assim até melhorar. Tenha paciência e continue trabalhando. Como dizia a Xuxa, “tudo que tiver de ser, será.” Faz sentido, né? Pés no chão e cabeça nas nuvens, essa é a ideia.
Para finalizar, uma palavra para cada música do EP. “Call us by her name”.
Nome da Música: Call Us By Her Name.
Uma palavra: Alegria.
Nome da Música: When It Comes.
Uma palavra: Cura.
Nome da Música: Finding Freedom.
Uma palavra: Libertação.
Nome da Música: Need No One To Dance.
Uma palavra: Dança.
Você pode acompanhar o Ego Kill Talent clicando neste link.