Esse pode ser considerado como um texto raiz da coluna, como nos velhos tempos. Ou não. Essa é uma nova história sobre a Renata, que apareceu aqui quando falei de “Samson”.
Em 2011, após o final de um relacionamento cheio de idas e vindas, traições mútuas e lágrimas, me senti inspirado a escrever uma pequena crônica para curar a dor de corno. Ou de cotovelo.
Fiquei com algumas referências na cabeça. Coisas como o clipe de “Movie Ending Script”, do Death Cab for Cutie, o filme Namorados Para Sempre (Blue Valentine, Derek Cianfrance, 2010) e a música “Walking After You”, do Foo Fighters. O resultado foi um longo texto que você pode ler aqui mas, no momento, quero falar do Caetano Veloso.
Ao mostrar o texto para meu querido amigo ausente Jão, ele sugeriu imediatamente a faixa “Não me arrependo”. Acho que as minhas referências para escrever eram boas e tal, mas essa música não poderia ser mais perfeita para colocar aquele ponto final na história. Aliás, ponto final em qualquer história de (des)amor. Deveria ser a música oficial de fim de relacionamento, como um hino, sabe?
Faixa do álbum Cê, de 2006, “Não me arrependo” começa com o baixo fazendo acordes leves acompanhado do teclado. Até lembra um pouquinho “Walk On The Wild Side”, do Lou Reed. Lembrando que esse disco é de uma época em que Caetano estava gravando discos com uma levada mais rock.
Os versos iniciais vão assim:
Eu não me arrependo de você
Cê não me devia maldizer assim
Vi você crescer
Fiz você crescer
Vi cê me fazer crescer também
Prá além de mim…
A letra continua:
Vejo essas novas pessoas
Que nós engendramos em nós
E de nós
Nada, nem que a gente morra
Desmente o que agora
Chega à minha voz
Nada, nem que a gente morra
Desmente o que agora
Chega à minha voz…
Existe uma similaridade narrativa com a surreal “The Greatest Bastard”, do Damien Rice. A diferença é que o narrador da canção de Caetano não é um babaca completo. Não posso dizer o mesmo de mim, infelizmente.
Escutar “Não me arrependo” é lembrar do Jão com um carinho imenso porque ele, sem querer, me deu a trilha sonora ideal para meu texto. Por tabela, acabo lembrando de quem eu era quando estava com a Renata. Sinto um alívio imenso em não ser tão idiota assim mais. Mas acima de uma pessoa específica, essa música me faz lembrar sempre de valorizar as partes boas do relacionamento e todo o crescimento mútuo, ao invés de focar apenas no que causou dor.
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