Björk, a renomada artista islandesa, é conhecida por sua abordagem única e vanguardista na música. “Pagan Poetry” é uma canção lançada em 2001 como parte do álbum Vespertine. A canção reflete a abordagem única de Björk para a música, incorporando elementos eletrônicos, clássicos e experimentais.
A cantora se apresentou na edição brasileira do festival Primavera Sound do ano passado com a turnê Björk Orkestral, que contou com diversos sucessos no setlist. O show coincidiu com o lançamento de seu mais recente álbum, Fossora que foi extremamente elogiado pela critica especializada.
No entanto, o nosso foco é em “Pagan Poetry” e vamos analisar a composição da letra e da melodia desta obra-prima, dividindo-a em tópicos para uma compreensão mais abrangente. Minha indicação é dar play na musica para acompanhar a leitura.
Inovação sonora e texturas auditivas
A canção é uma obra-prima da experimentação sonora. A artista transcende as fronteiras convencionais, criando texturas auditivas incomuns. A faixa incorpora uma ampla gama de instrumentos, desde cordas etéreas até batidas eletrônicas pulsantes. A fusão desses elementos cria uma paisagem sonora, onde a música se torna uma experiência sensorial imersiva.
A voz distintiva de Björk é um instrumento por si só, ela explora os extremos de sua amplitude vocal, indo de suspiros suaves a ululações intensas. Essa expressividade vocal contribui para a intensidade emocional da música, conectando-se diretamente com a audiência e criando uma experiência visceral.
Durante o trecho de 3:24 até 3:53, é possível sentir a variação vocal drástica indo de uma voz suave para algo mais grave, que em certos momentos lembra um grito de desespero, dentro da mesma camada musical e possível ouvir sussurro bem encaixados, criando uma camada que apesar de incomum funciona perfeitamente com o restante da obra.
Composição poeticamente pagã
A composição lírica de “Pagan Poetry” é uma jornada poética, por mais redundante que seja afirmar isso. As letras exploram temas complexos, incluindo amor, paixão e espiritualidade de forma não tão explicita em alguns momentos. A abordagem única de Björk ao entrelaçar imagens poéticas com sua música eleva a canção a um nível artístico superior, onde a mensagem e a melodia se complementam de maneira intrincada.
A estrutura da música desafia as convenções, optando por uma progressão não linear. A musica evita a previsibilidade, surpreendendo os ouvintes com mudanças inesperadas na dinâmica e na instrumentação e voz. Essa abordagem não convencional adiciona camadas de complexidade à música, mantendo-a fresca e intrigante a cada audição.
“Eu sempre quis trabalhar com uma caixinha de música, mas estava esperando a ocasião certa, coletando material e essas coisas. Eu queria escrever minhas próprias músicas nela e no início, a empresa responsável não estava muito animada. Eles tinham feito alguns modelos em madeira, mas eu não queria daquela maneira. Desejava que o som fosse o mais “duro” possível, como se estivesse congelado. Eles ficavam tipo: “Por quê?”. No final de tudo, admitiram que essa era a melhor coisa que já tinham feito”.
Bjork em entrevista para a Record Collector.
Uma produção impecável
A produção de “Pagan Poetry” atinge um padrão de excelência. Cada elemento sonoro é meticulosamente equilibrado, proporcionando uma experiência de audição cristalina. A atenção aos detalhes é evidente, desde a mixagem sofisticada até os efeitos sonoros cuidadosamente escolhidos, resultando em uma obra-prima sonora.
Björk trabalhou com o produtor Matmos na criação de Vespertine, e a colaboração influenciou na sonoridade única do álbum. A influência da música eletrônica experimental é evidente, mas também há elementos de música clássica e folk ao longo do trabalho. O disco começou a ser produzido em 1999 durante as gravações do filme Danser i Mørket/Dançando no escuro, no qual a cantora era a protagonista. O filme, inclusive, rendeu uma briga publica entre a cantora e o diretor do filme.
Por fim, o impacto cultural duradouro de “Pagan Poetry” é um testemunho de sua importância na evolução da arte sonora. A canção destaca-se como uma das obras mais icônicas de Björk, contribuindo para consolidar sua reputação como uma artista inovadora.