Lá nos anos 2000 era cool falar “banda com vocal feminino” para falar de música com mulheres assumindo o protagonismo. Atualmente, estou inseguro de saber se faz sentido ou não manter o recorte ou se isso pode parecer fora de moda. Ou até ofensivo. Pelo menos para os buscadores do Google, acho que ainda faz sentido falar de bandas com vocais femininos. Mas qual é a etiqueta para os dias de hoje?
Reflexões à parte, nós aproveitamos a ocasião do retorno dos norte-americanos do Evanescence para uma série de shows no Brasil, para uma matéria especial indicando bandas com mulheres cantando. A redação do Audiograma se mobilizou para fazer indicações que os fãs de Amy Lee e cia precisam ouvir.
Bandas com Vocais Femininos Para Você Conhecer HOJE!
Skunk Anansie
Sabe quando você escuta uma voz e se impressiona com ela? A vocalista do Skunk Anansie causa esse efeito. Aliás, a banda toda deixa a gente inquieto, especialmente as linhas de baixo de Cass Lewis. Mas não tem como ofuscar a verdadeira estrela da banda. Deborah Dyer, ou Skin, para os mais íntimos, é uma força da natureza.
Skin é uma artista que chama a atenção pelo seu visual (não é sempre que você uma tia careca correndo e gritando alucinadamente pelo palco) e pela potência da voz, seja pela dinâmica em faixas mais leves (“Hedonism”) ou nas porradaria “Selling Jesus”, “Intellectualise my Blackness”, e “Little Baby Swastika”. Se gosta de rock bem feito e com mensagens fortes, dê uma chance para deixar a Skin entrar no seu coração. [TD]
Guano Apes
Vamos sair da terra da (finada) Rainha e viajar para a Alemanha. Lá, em 1994, surgiu uma banda chamada Guano Apes. Em comum com a Skunk Anansie está a baixaria pesada de Stefan Ude e uma vocalista agitada (mas com cabelo). Sandra Nasić é provavelmente uma das vocalistas mais subestimadas do rock dos anos 1990.
Para os apaixonados pelo som dos norte-americanos do Incubus (na sua fase dedo no cu e gritaria, claro), Guano Apes é uma pedida e tanto. E eu ouso apostar que é mais desconhecida que o Skunk Anansie. Por essas e outras que falo da falta que uma MTV faz na vida das pessoas.
Fiquei dividido entre indicar “Open Your Eyes” ou “Scratch the Pitch”. Tive uma banda que tocava essas duas músicas e, cara, que delícia de baixo. Então, vou trapacear e indicar “Big in Japan”. 😛 [TD]
The Runaways
Essa é um clássico: chamada de “a primeira banda de rock formada apenas por mulheres”, The Runaways surgiu em 1975 e, apesar de sua curta carreira, marcou a história do rock com músicas como Cherry Bomb e Queens of Noise. Mesmo sendo estadunidenses, o grupo — formado por Joan Jett, Cherie Currie, Lita Ford, Sandy West e Jackie Fox — fez muito sucesso no Japão durante seus anos na ativa.
Depois do fim da banda, todas as integrantes seguiram carreira solo e o grupo caiu no esquecimento até 2010, quando um filme contando a história da banda, protagonizado por Kristen Stewart e Dakota Fanning, foi lançado, trazendo as Runaways de volta para os holofotes. [GC]
The Linda Lindas
Existe coisa mais punk do que mulheres tocando rock? Sim. Meninas adolescentes tocando rock. E é isso o que faz The Linda Lindas uma banda especial.
Criadas em 2018, o grupo formado pelas irmãs Lucia e Mila de la Garza, Eloise Wong e Bela Salazar tem pouco tempo de vida e de carreira, mas já chamaram atenção de grandes nomes da música e do cinema ao abrir para o Bikini Kill, em 2019, e ao lançar uma música chamada Racist, Sexist Boy, baseada na experiência pessoal de uma das integrantes ao ouvir comentários racistas durante a pandemia da COVID-19.
Mais rock’n’roll do que muitas bandas por aí, as meninas do The Linda Lindas lançaram o disco Growing Up em 2022 e, desde então, tem conquistado cada vez mais o coração de quem gosta de rock — e servido como uma ótima influência para meninas que querem montar uma banda. [GC]
The Pretty Reckless
Hoje, pontualmente, gostaria de começar falando sobre meu maior ídolo da adolescência. Taylor Momsen para uns, Jenny para quem entende do assunto. Tive a chance de ter uma adolescência baseada no rock estabelecido pelo The Pretty Reckless e outras influências malucas dentro do universo de um seriado um tanto famoso, digamos (risos).
The Pretty Reckless é uma banda de rock norte-americana formada em 2009, liderada pela carismática vocalista Taylor Momsen. Originária de Nova York, a banda ganhou destaque com seu álbum de estreia homônimo em 2010, que apresentou um som poderoso e letras introspectivas, com um rock inconfundível. Em 2022 a banda lançou um dos seus melhores trabalhos, o disco “Other Worlds” oferece uma viagem nostálgica para quem viveu o role extremo que mencionei anteriormente.
Vale o comentário: Se um dia eu tive cabelo loiro e usei lápis de olho, foi por você Taylor <3. [YM]
The Veronicas
Foi aqui que pediram um duo de mulheres classudas? Não há nada mais “roqueiro” que viajar de carro por aqui ouvindo o hino “Popular” no banco de traz, enquanto seus amigos estão quase fazendo um roda de oração te pedindo para trocar a música (Sim, já aconteceu em muitas idas ao litoral paulista).
As irmãs australianas Jessica e Lisa Origliasso formaram a banda The Veronicas nos anos 2000 (Quanta coisa boa aconteceu aqui, um beijo para MTV, MIX Tv, Play TV e afins). Com um estilo único que mistura pop punk e pop rock, elas conquistaram todo mundo com hits como “Untouched” e “4ever”. Se você viveu os anos 2000 intensamente, dificilmente escapou delas. O trabalho mais recente foi uma quebra de 7 anos sem lançar nada inédito, o disco Godzilla mostra um duo mais maduro, mas ainda muito fiel às suas raízes. [YM]
Texto colaborativo feito por Gabi Caroline, Tullio Dias e Ygor Monroe.