Em entrevista exclusiva ao Audiograma, o guitarrista da banda Inês é Morta, Daniel Lima, fala sobre o lançamento do primeiro álbum cheio do grupo, que conta com participações especiais de Edgar Scandurra, Lívia Cianciullona (do Anvil FX) e Rafael Crespo, também responsável pela produção.
Chamado “Ilha”, o disco chega às plataformas digitais de streaming no dia 27 de setembro, consolidando a participação da banda no underground paulistano.
Porém, dez dias antes, sai no Spotify o primeiro single desse novo trabalho, “Vida Em Paranoia”. Na mesma data, 17/09 (domingo), serão lançadas no Bandcamp da banda, além do primeiro single, mais 3 faixas surpresa do disco novo.
E, fechando o dia com chave de ouro, haverá o show de lançamento do álbum “Ilha” em formato físico, em uma série limitada de 10 fitas K7 vendidas exclusivamente nessa apresentação. O show acontecerá na edição especial da festa Punk Reggae Party, realizada com entrada gratuita no Tendal da Lapa, em São Paulo.
Os integrantes da banda Inês é Morta (Camila Kohn, Daniel Lima, Danilo Grillo e Lucas Krokodil) mantiveram firme a caminhada em busca de se estabelecerem na cena pós-punk local: participaram da 7ª edição do Woodgothic, festival voltado para a apresentação de bandas góticas que acontece em São Thomé das Letras (MG), realizaram uma mini turnê pelo Brasil com shows em Curitiba, Porto Alegre, Rio de Janeiro, entre outros, tocando ao vivo praticamente todos os meses desde o lançamento do seu último single no ano passado.
Inclusive, esse tipo de evento sempre aproximou a banda de outros artistas. Foi assim que começou a parceria entre Rafael Crespo e os integrantes da Inês: “Ele se aproximou da gente em um dos nossos primeiros shows. Me mandou mensagem pelo Facebook e só depois que eu me liguei quem era”, diz Daniel. “Todo mundo passou por várias fases do rolê alternativo ao longo da vida: já foi num rolê punk, num rolê indie… Deu tempo de ouvir tudo essas paradas, e o Rafael tem um pouco disso”. Crespo já é uma figurinha carimbada no ambiente alternativo devido à sua participação com a banda Herzegovina, que também já conversou o Audiograma, e sua aproximação orgânica com o pessoal da Inês se uniu à vontade do grupo de ter um álbum produzido de forma profissional.
“A gente, por muito tempo, ficou indo em estúdio com uma pessoa só apertando ‘rec’. Isso me incomodava. Trabalhar com o Rafa veio dessa ideia de ter alguém produzindo. Ele tá buscando uma sonoridade. Eu gostei muito, é um cara bacana de se trabalhar. A gente acabou construindo uma amizade” , comenta Daniel.
Em junho do ano passado, o grupo conversou com o Audiograma sobre o lançamento do single “Apogeu”, que conta com uma pegada mais etérea, onírica e mística, que se tornaria a apresentação do primeiro álbum.
O nome, Ilha, não foi escolhido à toa. Para Daniel, “nesse sentido, você fica meio ilhado, só sobrevivendo”. Segundo ele, as composições desse álbum prometem o clássico do gênero pós-punk, que são as letras melancólicas e as melodias dançantes. As letras apelam para a análise existencial, mas as melodias felizes entram em contraponto. “Eu acho que a questão é encontrar uma beleza no que há de ruim, porque feliz mesmo não tem como ser. Tem um brilho: dá pra se divertir no apocalipse. Esse disco tem muito da nossa insatisfação na vida, mas tem uma satisfação de realizar o seu desejo de ficar um pouco melhor”, complementa ele.
As influências da banda sempre foram das mais diversas, como se o ponto em comum aos integrantes fosse o próprio trabalho que eles realizam. “Eu percebi um negócio bem anos 90 com uma mistura de guitarras mais do new wave, mas eu não pensei nisso. A gente não pensa muito em qual tipo de sonoridade seguir. Na hora que tá fazendo, surge o pensamento”, diz o guitarrista.
Vale destacar que trabalhar em cima de um estilo não significa se podar completamente do que não seja parecido com o estilo que visa reproduzir, ao que Daniel diz (ironicamente enquanto usa uma camiseta da banda inglesa Bauhaus durante a entrevista): “As pessoas devem achar que a gente se encontra e fica ouvindo Bauhaus o tempo inteiro. Mas não, a gente tem outras referências. Eu e a Camila ouvimos muito samba-canção. O Lucas vem mais dessa base do pós-punk”. Dessa forma, os integrantes combinam um emaranhado de referências.
“Ilha” promete ser um compilado de experiências, até mesmo um trabalho mais maduro reunindo o que foi feito e gravado ao longo dos anos, contando com músicas gravadas há um tempo, mas nunca lançadas. Apesar de ser o primeiro álbum de estúdio, Inês é Morta conta com uma discografia repleta de EPs e singles que contribuíram para que o público tivesse a oportunidade de se apaixonar pela voz inebriante de Camila, as baterias bem pensadas de Grillo, os baixos rítmicos de Lucas e as melodias dançantes de Daniel. A vontade de fazer a carreira dar certo foi algo conversado francamente desde o primeiro encontro entre integrantes, “milimetricamente pensado”, de acordo com o guitarrista.
Além da produção de Rafael Crespo, o álbum contou com participações de grandes figuras do underground, como a Lívia Cianciullona, do Anvil FX; e Edgard Scandurra, da banda Ira!. Em uma conversa com os companheiros de banda, Daniel comenta que surgiu a ideia de convidar Scandurra para fazer parte de uma faixa.
Um pouco antes dessa proposta, a banda se apresentou com As Mercenárias, renomada banda punk composta atualmente 100% de integrantes mulheres e que também já contou com Scandurra na formação. Ambas se apresentaram em novembro de 2022 no laboratório cultural de Bragança Paulista, Edith Cultura. Como Edgard fez parte da banda no passado, ele também estava nessa ocasião e daí que começava a nascer a ideia.
“A Camila que dá as caras nesse rolê, todo mundo conhece ela”, diz o músico. Eles tiveram a ideia indo pro show das Mercenárias na Casa de Cultura do Butantã. “E nessas de pensar se mandava mensagem, ela disse ‘e se eu encontrar com ele?’, e eu respondi ‘você para ele e pergunta’. Logo em seguida, ele saiu de um Uber”, conta o guitarrista, rindo.
Desse momento engraçado, surgiu uma aproximação e a participação na faixa “Vida em Paranoia”, que será lançada como single no dia 17 de setembro (domingo). Nesta data, a banda fará um show em São Paulo na festa Punk Reggae Party, que já existe há 11 anos e terá uma edição especial gratuita no Tendal da Lapa.
Outra aproximação completamente inusitada da banda com outros colegas foi com a banda Gorduratrans. “Eu perguntei sobre um moletom e acabei perguntando sobre eles fazerem um show com a gente também. E rolou!”, diz Daniel. O encontro das bandas acontece na Associação Cultural Cecília, localizada no bairro da Santa Cecília, em São Paulo, no dia 14 de outubro.
E a agenda da Inês é Morta segue agitada: além de todos os acontecimentos marcados para o próximo dia 17, recentemente a banda foi entrevistada no programa da Rádio Rock (89,1 FM/SP) “Heavy Pero No Mucho”, apresentado por Thiago Deejay, no dia 12 de setembro. Depois, seguiram para Bragança Paulista para se apresentar ao lado da banda potiguar Camarones Orquestra Guitarrística no Edith Cultura, em 14 de setembro.
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