A minha geração tem sorte. Pessoas nascidas na década de 1980/1990 cresceram ouvindo artistas no seu auge. Como fã do pop rock nacional, tenho um álbum imaginário em que a cada nova apresentação “colo uma figurinha”. Foi assim que risquei boa parte das bandas brasileiras que fizeram parte da minha formação musical – exceto Ultraje a Rigor porque tudo tem limite. No caso, mesmo sendo apaixonado pelo trabalho do Titãs e Paralamas, um nome em especial sempre me desperta curiosidade: tô falando do Lulu Santos.
A primeira vez que vi o show do Lulu foi em uma edição do finado Pop Rock Brasil. Ele estava acompanhado daquela que considero sua melhor banda: Dunga (baixo) e Chocolate (bateria). Um power trio porrada. Para quem tem intimidade com a cozinha (dobradinha baixo + bateria), sabe reconhecer a qualidade daquelas apresentações. O simples que funcionava bem demais.
Quase dez anos depois, mais precisamente em 2015, vi o Lulu pela segunda (e última) vez. Acompanhado de uma banda mais recheada de talentos, foi mais uma oportunidade de viajar no tempo e se deliciar com clássicos que fazem parte das nossas vidas. Arrisco dizer que fazem mais parte das nossas vidas do que da carreira do Lulu, se me permitem o egoísmo da apropriação afetiva.
Tal qual a trilogia do Antes, de Richard Linklater, estou considerando antecipar o reencontro com o Lulu Santos para um intervalo menor de 10 anos. A turnê atual tem o cantor celebrando os seus 70 anos (!!!) completados em maio e mais de 40 anos desde o lançamento da estreia com Tempos Modernos. De lá pra cá, mais de 20 discos gravados e um número absurdo de sucessos embalando a trilha sonora de novelas, romances e vida dos seus fãs.
O carioca tem duas datas marcadas para visitar Belo Horizonte em setembro – saiba mais aqui – e, para preparar o aquecimento do show, aqui estão algumas canções (que dispensam apresentações, vai…) para você também reservar seu ingresso e participar de uma festa promissora (ou se organizar para ver aí na sua cidade).
O Descobridor dos Sete Mares
Quem fez melhor? Tim Maia ou Lulu Santos? Não ousaria responder a essa pergunta, mas afirmo que quem se dá bem nessa história é quem gosta de música boa. A gravação original tem o groove e a voz surreal do Tim Maia, mas os efeitos no baixo me fazem preferir a releitura. Especialmente porque ouvir essa música ao vivo com o Dunga é o que te faz sorrir por conseguir ouvir o som do baixo quando a maioria das pessoas fracassa.
Assim caminha a Humanidade
Eu fico me perguntando quanto o Lulu ganhou com os royalties de emprestar uma canção para ser tema da Malhação. Ele não precisava disso para conquistar um público mais jovem, ali no meio dos anos 1990, mas foi um golpe e tanto para renovar sua audiência.
Aviso aos Navegantes
Como disse, quem nasceu na década de 1980/1990 é privilegiado. Todo dia, eu ligava o Multishow às 19h para conferir o TVZ depois que acabava o Disk MTV. Dentre os vários clipes da época, esse aqui se destacava. É uma delícia rever o vídeo e lembrar de uma época em que a internet começava a engatinhar entre as pessoas normais.
Já é
Durante sua obra, Lulu Santos sempre flertou com a música eletrônica e experimentou várias possibilidades sonoras, mas nunca deixou de valorizar o contrabaixo. O groove de “Já é”, gravado por Jorge Ailton (Sandra de Sá) é aquilo que podemos chamar de tremenda baixaria. É combinar o funk com o estilo único do Lulu, que é fazer música boa.
Astronauta
Fiquei na dúvida entre incluir “Cachimbo da Paz” ou “Astronauta”. As duas parcerias com Gabriel, o Pensador geraram duas canções incríveis. Se parar para pensar, é provavelmente a dupla mais improvável do pop rock nacional.