Na última sexta-feira (21) foi a vez de Belo Horizonte receber o KISS em sua turnê de despedida. Milhares de fãs foram ao Mineirão receber não só a banda que está dando adeus aos palcos, mas também o Sepultura, uma das principais da história de Minas Gerais.
Abrindo a noite, a banda mineira começou a noite como se deve: um show impecável. Alguns dos maiores clássicos foram tocados, como “Territory” e “Refuse/Resist”, que contou com a participação especial de Yohan Kisser, tocando guitarra ao lado pai, Andreas Kisser. Yohan faz jus ao sobrenome e virou um excelente guitarrista… Alguém que assistia o show ao meu lado inclusive questionou porque ele não fez o show inteiro, por achar que com as duas guitarras o som ficava ainda melhor.
O fato é que, com uma ou duas guitarras, o Sepultura é tão bom ao vivo quanto em estúdio e o vocalista Derrick Green empolga qualquer um com a voz que é realmente sensacional. O baixista Paulo Xisto mostrou as raízes da banda e tocou uma camisa do seu time de coração, o Atlético.
Uma banda do tamanho do Sepultura não merecia pouco no palco antes da atração principal. Se muitas vezes grupos tocam só por 30 ou 40 minutos, tivemos a sorte de ver, durante cerca de uma hora, um show sem defeitos. Músicas muito bem tocadas, bom repertório e ótima presença de palco de todos os integrantes… A escolha pra primeira banda da noite foi perfeita.
KISS… Literalmente um show
Poucas bandas são tão famosas por tantas coisas como o KISS e o show é um resumo de tudo. Do início ao fim é nítido o cuidado da banda em deixar fãs, muitos deles vestidos e maquiados a caráter, entretidos com absolutamente tudo.
Figurino e maquiagens clássicas, Gene Simmons o tempo todo colocando para fora a maior e mais famosa língua do rock, além da clássica dança com os instrumentos entre os guitarristas Paul Stanley e Tommy Thayer ao lado de Gene são algumas das características que tornam a apresentação inconfundível.
A estrutura do palco também não fica devendo e desde o primeiro segundo já temos um exemplo, com os integrantes descendo vários metros ao som de “Detroit Rock City”, uma das músicas mais famosas da banda. Um dos momentos mais legais inclusive foi por conta da estrutura do show, que contou com um segundo palco entre a pista e a pista premium. Paul Stanley foi para este segundo palco passando por cima da plateia segurando em uma tirolesa, tocando algumas músicas mais próximo dos fãs que estavam mais afastados do palco principal. Sobre Stanley, também vale lembrar como – durante várias vezes – faz questão de falar com a plateia e ainda parece ter 20 anos a menos, dançando e percorrendo todo o palco… É um frontman perfeito.
O repertório escolhido foi o mais agitado possível e lotado de clássicos da banda. O momento em que os fãs ficaram mais emocionados foi o final, com “Do You Love Me”, “Beth” (a única balada da noite e executada apenas pelo baterista, cantando e tocando piano) e, claro, “Rock And Roll All Nite”, um dos maiores hinos do rock, para fechar o show.
Nunca fui fanático com o KISS, embora o acústico gravado por eles tenha sido um daqueles discos que escutei até não aguentar mais durante a minha adolescência. Ainda assim acho que é difícil não gostar de um show deles… É uma banda que funciona realmente bem ao vivo.
E talvez seja a hora certa de parar mesmo, enquanto ainda conseguem fazer apresentações que deixam todos entretidos durante duas horas e tocando no mais alto nível, antes que outros assuntos sejam mais falados do que a música. No show de Manaus, por exemplo, Gene Simmons passou mal e precisaram esperar alguns minutos para o baixista ter condições de voltar. No ano passado, um vídeo circulou pela internet deixando evidente o playback de Paul Stanley ao final de “Detroit Rock City”.
No final das contas, quem viu ficou satisfeito. Todos felizes e, ao mesmo tempo, um pouco tristes sabendo que viram aquilo pela última vez. Mas estava tudo lá: figurino, danças, as principais músicas, produção impecável, além de momentos solo de todos os músicos, tocando e divertindo a plateia. Destes momentos o principal foi, sem dúvida, o de Gene Simmons, quando de sua boca sai algo que simula sangue, ficando todo sujo enquanto tocava seu famoso baixo em formato de machado.
Se essa turnê realmente for a última do KISS, a banda vai se despedir literalmente dando um show.