A banda californiana de blackgaze Deafheaven se apresentou em São Paulo no dia 11 de março, domingo, na Fabrique Club. Com abertura da terraplana, banda de shoegaze de Curitiba, a tour do Deafheaven serviu como divulgação do mais recente lançamento da banda: Infinite Granite, um álbum fora da curva dos vocais rasgados e gritados. O Audiograma esteve lá, confira a matéria!
O início de um sonho
A Fabrique recebeu de portas abertas a banda curitibana terraplana. Baixo e guitarras à frente, bateria atrás, em uma formação comum, mas o destaque para as luzes conceituais deixava o som ainda mais etéreo, junto do gelo seco.
Ao mesmo tempo em que a realidade pegava quem assistia pela mão, a música, com o seu super poder de teletransporte, levava quem assistia para uma espécie de mundo dos sonhos. O setlist, que começou com “Me Encontrar”, foi cativante e deixou um grande público de cabeças acompanhando seu ritmo. Algumas pausas foram feitas para agradecimentos, especialmente à organizadora do evento, a Balaclava Records.
A terraplana também está lançando um novo álbum: olhar para trás, pelo selo Balaclava Records. O disco tem 8 faixas, todas com letras em português, muita distorção e vocais etéreos.
Ao fim do show dos curitibanos, uma sensação leve pairava pelo ar, como se todos tivessem sido levados às alturas pelo som fantasioso. Depois do show, um dos guitarristas ainda ouviu com muito carinho os agradecimentos de uma fã que confessava seu amor. A plateia estava calma, pronta para entrar no olho do furacão.
Deu tudo certo!
Ao encerrar sua apresentação, a terraplana deu lugar para o… roadie do Deafheaven. Em expectativa, a plateia comemorava cada regulagem de guitarra, cada conferida no microfone, como se fosse um gol. Esperando ansiosos os seus ídolos, em cerca de uma hora, a banda adentrou o palco e a galera foi à loucura. De início, o vocalista convidava todos a ficarem mais próximos do palco e foi neste momento que os fotógrafos mais insanos tiveram de segurar o medo de perder seus equipamentos.
Este show foi caótico, no melhor sentido possível. Bom, não teria como esperar algo diferente, vindo de um show de uma banda de blackgaze, não é mesmo? Era nítida a alegria do vocalista George Clarke, um verdadeiro frontman que cativa os fãs em meio a danças e gestuais poderosos.
Mas, dentre os vocais gritados, entre os berros guturais, foi um show incrível, recheado de rodas de mosh e de pessoas subindo no palco para se jogar na plateia. A banda ainda apresentou sons novos, como Sunbather e outros por lançar, mas também fez bonito com os seus clássicos. Black Brick e Canary Yellow carregaram o show, mas o encerramento foi feito com chave de ouro.
Em meio a uma plateia calorosa, pedindo “one more song”, com folhas sulfite escrito “I Want to Dream” (“Eu quero sonhar”), Clarke e sua banda retornam ao palco. Essa frase é dita no refrão de um dos grandes hinos da banda, “Dreamhouse”. O frontman retorna dizendo “Vamos tocar essa em homenagem a vocês!” e em seguida a plateia delirou, tocando a face suada do cantor, fazendo mosh pits e gritando tão alto quanto o vocalista, em uníssono, o refrão tão pedido. Um final caloroso e emocionante, do jeito que merecíamos. Esse show foi o perfeito equilíbrio da discografia deles, entre caos e calmaria.
Daqui pra frente
Enquanto Deafheaven retorna para os Estados Unidos, a banda terraplana se apresenta pelo Brasil afora! No dia 31 de março eles tocam em casa, na cidade de Curitiba, dividindo o palco com outro grande nome do shoegaze brasileiro: gorduratrans. As duas bandas estão lançando discos novos que valem a pena ouvir!