Sem atrasos, Caetano Veloso subiu ao palco no Expominas para apresentar a turnê Meu Coco pela segunda vez para o público mineiro. A 26ª turnê de Caetano teve sua estreia nacional em abril desse ano em Belo Horizonte, e não em vão: “A melhor plateia do Brasil” disse a lenda da música brasileira.
Às vésperas da eleição mais importante do nosso país, a casa lotada era também um atestado à importância política do artista que, exilado político durante o regime militar no ano de 1969, compôs o transgressor álbum Transa, que completa 50 anos em 2022, com sua inegável aura mítica e com a façanha de ser cultuado por diferentes gerações.
Com repertório fixo, Caetano subiu ao palco pontualmente e apresentou as 25 faixas escolhidas para a turnê que divulga seu 13º álbum de estúdio. Sem a aura de Ofertório, a turnê em conjunto com seus filhos que desembarcou na capital mineira em 2019, Caetano ainda explora – ainda que sem o misticismo e introspecção de sua antiga turnê – sua própria biografia.
Como poucos artistas no mundo, Caetano é seu próprio moodboard e, dessa vez, optou por declarar sua admiração a amigos e à capital mineira – ao contrário da turnê de Ofertório, onde narrava as façanhas de sua família e os contos de Santo Amaro, que rendeu aos Veloso cadeira cativa no imaginário popular.
De forma sutil, o baiano demonstrou apoio aos apelos democráticos na véspera do segundo turno presidencial. Sem fazer o “L” durante o espetáculo, Caetano lembrou a todos a importância do voto. Em outras situações, o silêncio poderia ter uma péssima conotação, mas esse não é o caso de Caetano, que se fez um símbolo político através dos ecos além-música de sua arte de ruptura.