Leo Possani e Gale Fernandez formam o duo The Tropical Riders, uma mistura de rock de garagem, stoner e um toque tropical tipicamente brasileiro. Em entrevista ao Audiograma, eles comentam sobre sua formação, a indústria da música e o lançamento do novo EP, Money Money.
A Tropical Riders tem 6 anos de estrada e lançou seu primeiro single, “Miami Sin”, há 4 anos. O duo se formou por acaso: os dois amigos se encontraram para discutir sobre o fim de uma banda antiga da qual faziam parte e decidiram formar uma nova banda.
A ideia de fazer um duo ao invés de procurar outros integrantes para a nova banda se deu pela vontade de tocar unida à vontade de fazer algo dar certo, mas isso não significa que as coisas foram fáceis. Tentaram buscar inspiração em outros duos, como Royal Blood e White Stripes, sem sucesso. “O nosso caso foi erro e erro”, diz o guitarrista Gale Fernandez.
No começo, ambos tiveram a ideia de formar um duo mais pela vontade de algo rápido e simples, mas a experiência era pouca: “Eu não estava acostumado a tocar em dois, porque, pra um baterista, é muito complicado. Você acaba seguindo o baixo. A partir do momento em que ele largou o baixo e foi pra guitarra, o baixo da banda virou o bumbo e o surdo. A gente teve que trabalhar mais o que o baixo faria”, comenta Leo.
Além disso, a necessidade de uma comunicação fácil se fez presente desde o nascimento do duo: “A comunicação entre a banda é bem melhor com duas pessoas. Você tem que saber o mínimo de um outro instrumento para conseguir explicar pra outra pessoa e eu e o Leo conseguimos fazer isso”, diz o guitarrista. Mesmo assim, Gale comenta sobre ser um guitarrista “faz-tudo” e já ter passado por alguns perrengues com equipamento em show: “tem que ser precavido em dobro”.
Por que The Tropical Riders?
Enquanto estavam discutindo sobre a nova banda, com as ideias em ebulição frente à oportunidade de voltar a tocar, ambos decidiram nomear o duo como The Tropical Riders, palavras bordadas no boné da marca Birden que Leo estava usando na ocasião. “Tinha tudo a ver com o que a gente queria fazer, um rock com uma pegada mais tropical”, diz Gale.
Todas as músicas da Tropical rasgam com os graves da guitarra do Gale. A ideia do rock tropical consegue mesclar barulho e calor, como se fosse uma parente distante da faixa do Sonic Youth, “Incinerate”, do álbum Rather Ripped.
Bebendo um pouco da fonte de referências da banda, a faixa que dá título ao novo EP foi inspirada no clássico do Pink Floyd, “Another Brick in the Wall”.
“Quando a gente começou a fazer o instrumental da ‘Money Money’, pra mim, ela pareceu muito uma coisa de trabalho, aquela coisa meio padrão; e eu pensei que ela podia ser uma música que critica a influência que o dinheiro tem nas pessoas”, diz Gale. “Ela é travestida naquela coisa de música feliz, é animada, mas tem uma letra com uma crítica embutida”.
O EP conta com mais uma faixa, de nome “Sahara”.
Músicas em inglês
A faixa do EP Desert Love, Vagabondo, conta sobre um homem ingênuo mas sedutor que era chamado assim pelas mulheres que paquerava. Essa música conta com alguns trechos em italiano e espanhol, mas o duo conta apenas com composições em inglês. Gale explica o porquê: “A gente buscou coisa por fora, porque não tinha algo em português que fizesse sentido pra gente”. O baterista Leo Possani complementa: “O tipo de música que a gente faz não tem muito sentido de ser cantada em português”.
Quando questionados a respeito do lançamento de um álbum, o duo expressa sua opinião de forma artística, porém, realista: “Acho que qualquer pessoa que se considera músico, esse é o sonho da pessoa: pelo menos uma vez na vida eu quero gravar um disco e eu seja 100% ok com aquilo e seja irado. Pelo menos, eu tenho”, comenta o guitarrista.
Os fatores impeditivos de realizar esse sonho? O primeiro, ironicamente, é o dinheiro: “A questão de custo é muito impeditiva porque a gente é dois e as coisas são caras”. O outro fardo a se carregar é a transformação pela qual a indústria fonográfica tem passado, em que os ouvintes não consomem mais da mesma forma que antes: “A gente chegou a lançar um EP de 6 músicas. A gente vê nas métricas que a galera ouve pra caralho uma música, no máximo duas, e o resto larga”, diz Gale.
O processo criativo da banda é dividido entre as letras com Gale, enquanto a melodia é composta em conjunto, mas é algo que “em breve muda”, segundo o baterista.
“Às vezes a gente já fica tanto naquele esquema pré-programado de estúdio que funciona pra nós: eu venho com ideia de guitarra, a gente desenvolve com a batera junto, aí a música cria a nossa cara instantaneamente e eu ponho uma letra em cima. Normalmente, quando a gente sai dessa fórmula, às vezes a gente faz coisas que a gente gosta mais”, comenta Gale.
De forma geral, é interessante ver como a dupla consegue aproveitar o melhor das situações, mesclando referências e criando um som único: “É legal ver como a banda vai se tornando um reflexo do que a gente era conforme a gente foi crescendo junto com ela”.
O show de divulgação do novo EP acontece no dia 8/10 (sábado), no Estúdio Aurora, em conjunto com a banda Defenestra.
SERVIÇO: SHOW LANÇAMENTO EP MONEY MONEY
Atrações: The Tropical Riders e Defenestra
Data: 08/10, sábado, às 21h
Local: Estúdio Aurora. Rua João Moura, 503 – Pinheiros, São Paulo (próximo ao metrô Oscar Freire)
Ingressos antecipados a R$ 25,00. Na porta, a entrada custará R$ 35,00.
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