O Cultura Inglesa Festival (CIF) chegou à sua 25ª edição em 2022 com formato híbrido, unindo atrações gratuitas presenciais e online em um mês inteiro de programação.
O festival começou no dia 4 de maio, vai até o dia 4 de junho e, pela primeira vez, além de São Paulo, também está disponível no Rio de Janeiro e em Salvador — além da plataforma online que pode ser acessada em qualquer lugar do Brasil.
Acompanho o CIF desde 2011 e posso dizer com sinceridade que é um dos festivais mais legais que existem. Conversamos com Liliane Rebelo, Head de Cultura e Sociedade na Cultura Inglesa, para entender as novidades do festival nessa edição especial.
“Chegar aos 25 anos de festival é um marco e uma celebração para a Cultura Inglesa. Temos uma programação bastante diversificada e um novo posicionamento com foco social, garantindo a representatividade de artistas negros, LGBTQIA+, forte fomento a artistas emergentes e questões do nosso tempo. Um exemplo disso foi o show de abertura do festival, realizado no Rio de Janeiro com a dupla Yoùn, que é da baixada fluminense”, conta ela.
A Cultura Inglesa é uma instituição sem fins lucrativos que tem como missão promover o ensino do inglês e da cultura britânica no Brasil. Fundada na década de 1930, hoje tem unidades em mais de 60 cidades brasileiras em 8 estados, mais o Distrito Federal.
A programação do festival deste ano propõe celebrar a diversidade cultural por meio das mais diferentes linguagens artísticas, com atrações não apenas do Reino Unido, como também de diversos países que têm a língua inglesa como idioma oficial ou língua franca.
Dentre as inúmeras atrações, todas gratuitas e voltadas para públicos de todas as idades, estão a realização de shows e performances, exibição de filmes e documentários inéditos, espetáculos de dança, teatro e poesia, além de debates e diálogos sobre temas da atualidade. O festival também promove duas competições abertas à participação do público: o 2º DepicT! Brasil, versão brasileira da competição britânica de filmes de 90 segundos, e o 2º Slam CI, campeonato de poesia falada.
Na Bahia, o grande destaque da programação é o espetáculo inédito A Desafortunada História de Julieta e Romeu, dirigida pelo professor, dramaturgo e diretor artístico da ATeliê voadOR Teatro de Salvador, Djalma Thurle. A peça fica em cartaz no Teatro Castro Alves até o dia 12/06 e também terá uma transmissão ao vivo pela plataforma do festival no dia 02/06, às 20h.
Atrações musicais
Aqui no Audiograma o foco é a música, você sabe. Por isso, selecionamos as principais atrações musicais que ainda vão rolar no CIF para você aproveitar:
Filipe Catto – online
“Love Catto Live — O Show” é a performance de Felipe Catto disponível via streaming até o dia 4 de junho. Depois de muitas lives animadíssimas nas madrugadas pandêmicas, a cantora voltou aos palcos nesse show gravado ao vivo exclusivamente para o CIF, mas mantendo o clima descontraído e próximo dos fãs. Com vocais poderosos e afinadíssimos, a artista traz covers de clássicos ingleses como “Bette Davis Eyes”.
Festival Queremos – Rio de Janeiro e São Paulo
Em uma ação inédita, a Cultura Inglesa se juntou ao festival Queremos! para democratizar o acesso a grandes shows por meio da distribuição gratuita de 550 ingressos para a edição do Rio de Janeiro, que acontece no sábado, 28 de maio, na Marina da Glória.
O festival prevê um público de 20 mil pessoas e tem ingressos na faixa dos R$ 400,00, com apresentações de artistas como Emicida, Gilberto Gil, Luedji Luna, Marina Sena, Baco Exú do Blues e Kamasi Washington, grande expoente do jazz contemporâneo.
Em São Paulo, também houve um show exclusivo de Kamasi Washington no dia 26 de maio que contou com a distribuição de mais 50 ingressos.
As entradas foram distribuídas para algumas organizações dedicadas à inclusão e combate às desigualdades, com foco em oportunidades educacionais, de desenvolvimento profissional e cultural, beneficiando sobretudo jovens em situação de vulnerabilidade social, como Amigos do Agito, Afrofunk, Balaio Cultural, Batekoo, FETAERJ e Redes da Maré.
Anelis Assumpção canta Bob Marley – São Paulo
A cultura britânica vai muito além do Reino Unido. Um exemplo disso são os países caribenhos, que foram colonizados pela Inglaterra e, anos depois, tiveram seus imigrantes vivendo na terra da rainha e influenciando a cultura local.
Um grande exemplo disso é a Jamaica, que exportou gêneros musicais como Ska e Reggae não apenas para a terra da Rainha Elizabeth, como para todo o mundo. Por isso, faz todo sentido ter Bob Marley, maior ícone da música jamaicana, entre a programação do CIF. E ninguém melhor do que Anelis Assumpção para homenagear a lenda — afinal, a cantora sempre teve a sonoridade jamaicana presente em sua carreira, em canções como “Mau Juízo” e “Not Falling”, além do projeto em que tocou o clássico disco “Legalize It”, de Peter Tosh. Já o repertório de Bob Marley preparado especialmente para o CIF terá uma hora de duração e participação de Saulo Duarte e Edy Trombone.
O show será realizado em um dos espaços mais bonitos de São Paulo: o jardim do Museu da Casa Brasileira, que fica na Avenida Brigadeiro Faria Lima, 2705. A apresentação também marca o encerramento do festival. O show começa às 18h do dia 4 de junho (sábado), é gratuito e tem classificação indicativa de 16 anos, além de acessibilidade em libras.
“Desde 2021 nos preocupamos muito em expandir a fronteira do que entendemos como cultura britânica para além do Reino Unido, considerando também as colônias, as influências e as culturas locais. Esse show da Anelis foi criado exclusivamente para o CIF e, no Rio de Janeiro, também tivemos uma programação bastante enraizada na cena local das zonas norte e oeste, como o Baile Chave de Madureira”, explica Liliane.
Acessibilidade, responsabilidade social e ambiental
Além de ser um grande evento de entretenimento, o CIF também se destaca por ser responsável. O festival integra o escopo de ações de impacto sociocultural da Cultura Inglesa, que tem um longo histórico de concessão de bolsas integrais de estudos para jovens e adultos em situação de vulnerabilidade social. Em 2022, ainda teve a ação com o Queremos! .
Além disso, o CIF 2022 inaugura uma nova etapa de compromisso socioambiental em sua história: esta é a primeira edição 100% sustentável do festival, que obteve o selo Carbon Free. Dessa forma, o evento desperta para a consciência ambiental ao assumir um compromisso com um plano de compensação das emissões de CO2 de todas as suas atividades, digitais e presenciais, por meio do plantio de 133 árvores em área de restauro florestal.
A inclusão também é pauta do CIF: desde 2021, o festival conta com acessibilidade por meio da linguagem de sinais (Libras), audiodescrição, entre outros recursos. Em 2022, a representatividade de pessoas com deficiência foi também refletida na programação.
From Now On
A 25ª edição do CIF ganhou um manifesto, intitulado From Now On (De agora em diante), que convida o público a encarar o presente pós-pandêmico e imaginar novos futuros possíveis, questionando o que será feito da cultura nesse cenário: “é hora de entender que o papel da cultura, palavra expandida em todos seus sentidos, nunca foi tão crucial”.
Dando continuidade às profundas transformações realizadas na edição de 2021, que teve recorde de público com 71 mil pessoas participando de atividades online, a programação foi expandida para mais territórios, abraçou o formato híbrido e buscou ainda mais diversidade e representatividade, questionando culturas hegemônicas, criando experiências multissensoriais, fomentando e produzindo novas obras.
“Renovamos o compromisso com a acessibilidade em sentido amplo, incluindo a democratização do acesso à cultura, que é um dos principais desafios do nosso país. A todo momento nos questionamos qual é o papel de um festival diante de algo tão imponderável como o momento que vivemos no último ano, e a programação também reflete isso, pensando na nossa responsabilidade enquanto um festival”, afirma Liliane.