Taylor Swift finalmente lançou o Red (Taylor's Version), a regravação de um de seus discos mais aclamados e celebrados.
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Review: Taylor Swift – Red (Taylor’s Version)

Nessa review de Red (Taylor’s Version), é preciso começar pelo final: quando Taylor Swift anunciou que regravaria seus discos para recuperar os direitos de seu próprio catálogo — e adicionaria algumas surpresas e faixas extras nesses discos —, uma das músicas mais aguardadas pelo público era a lendária versão de 10 minutos de All Too Well”, uma das mais famosas e comentadas faixas de Red.

Finalmente, novembro chegou, Taylor marcou o relançamento do disco e estou aqui, escrevendo essa review de Red (Taylor’s Version), para falar que ela simplesmente jogou tudo para o alto, chutou a porta, liberou todo seu rancor, adicionou um pouco de selvageria, atendeu todas as expectativas e quebrou nossos corações ao reconstruir e nos dar All Too Well” em uma versão duas vezes mais longa e inúmeras vezes mais cruel.

Última faixa do disco, a faixa é dezenas de vezes melhor do que se esperava e é mais uma das provas de que Taylor Swift é uma das grandes contadoras de histórias de sua geração. A narrativa da relação entre o eu lírico e a outra parte da relação durante as cinco estrofes da letra é extremamente detalhada sem ser tediosa, cheia de sentimentos sem nunca se tornar melodramática, é agridoce e até mesmo alarmante: o destaque dado para a diferença de idade entre ela e o ex namorado que inspirou a música nos faz parar e pensar por que, menos de 10 anos atrás, costumávamos normalizar relacionamentos entre garotas que mal saíram da adolescência e homens muito mais velhos do que elas sem pensar duas vezes.

Outras características que chamam atenção na letra são a relação com o bucólico que seria mais tarde trabalhada em folklore — essa versão da música é mais outonal do que nunca —, a morbidez com que a relação narrada é tratada, como é possível ver no trecho a seguir, e a produção sempre acertada de Jack Antonoff — ultimamente, a dupla que ele faz com Taylor tem sido dezenas de vezes mais interessante do que sua parceria com outras estrelas pop que disputam sua agenda de trabalho.

“‘Til we were dead and gone and buried/Check the pulse and come back swearing it’s the same/After three months in the grave/And then you wondered where it went to as I reached for you/But all I felt was shame and you held my lifeless frame”

E é engraçado ver como uma música de 10 minutos lançada na mesma semana que um estudo mostrou que as músicas estavam cada vez mais curtas e objetivas conseguiu chegar ao topo da Billboard.

Ouvir a versão nova de All Too Well” faz qualquer um pensar que é realmente impressionante pensar que alguém com seus 20 e tantos anos conseguiu escrever algo assim sozinha: uma narrativa épica e crua sobre um relacionamento que parece ter destruído e ditado o ritmo de um ano inteiro de sua vida.

E, agora que falamos sobre o grande destaque do disco, vamos à review de Red (Taylor’s Version).

A review de Red (Taylor’s Version)

Antes do lançamento de folklore, Red sempre ocupou o espaço de disco mais consistente de Taylor Swift: sua narrativa sobre esperar o tempo passar, crescer e superar decepções é contínua, bem construída e até mesmo divertida de ser ouvida.

Nele, Taylor passeia bem entre o country que a popularizou e o pop que substituiria o seu gênero musical originário e se tornaria a sonoridade principal de sua carreira nos discos seguintes, misturando-os ainda ao EDM, ao synth pop, ao folk e ao rock. Até as músicas menos interessantes estão bem encaixadas na tracklist: ele não possui espaço para músicas que só estão lá para encher o tempo — como é o caso de boa parte do mais recente reputation — ou destoam do clima geral do disco — como aconteceu com “Bad Blood” e “Shake It Off” na tracklist de 1989, sucessor da versão original de Red.

Resumo da obra: pelo menos até 2020, Red foi o melhor disco de Taylor Swift. Exatamente por esta razão, toda a expectativa em torno da regravação dele era justificada e foi muito bem atendida pelo lançamento do disco: Red (Taylor’s Version) é uma obra pop ainda melhor e maior do que sua versão original.

Todas as características que marcavam o disco original continuam lá e, fora um sutil arranjo de cordas aqui e uma mudança quase imperceptível de acordes ali, existem pouquíssimas diferenças entre os instrumentais das músicas da regravação — a nova e melhorada versão eletropop de Girl At Home”, produzida por Elvira Anderfjärd, é a mais notável delas. Assim como no recém relançado Fearless, a voz mais profunda de Taylor enriquece as músicas, deixando-as mais agradáveis de serem ouvidas.

A maior diferença entre os discos são as músicas extras da parte From The Vault do disco. Fora a parceria esquecível com Ed Sheeran em Run” e Message in a Bottle”, produzida por Max Martin e que se parece demais (e de uma maneira absolutamente ruim) com 22″, as faixas são boas adições à uma tracklist que já era ótima: é reconfortante ouvir mais uma história sobre término na voz de Taylor em Better Man”, os toques de ska existentes em Babe” são interessantes e surpreendentes e “I Bet You Think About Me”, que conta com os backing vocals de Chris Stapleton, entra para o hall das narrativas mais divertidas e irônicas criadas pela cantora.

O real destaque das músicas extras — junto à All Too Well”, é claro — é Nothing New”. Nela, Taylor Swift quebra seu costume de chamar artistas femininas para servirem como meras backing vocals (algo que deveria ter sido feito antes, quando as irmãs HAIM cantaram em evermore), convida Phoebe Bridgers para dividir os vocais e cantar sobre o medo de envelhecer, no que é uma das letras mais bonitas de sua carreira e mais uma amostra da sonoridade que ela seguiria a partir de folklore.

Afinal, Taylor Swift pode concorrer ao Grammy pela regravação do Red?

Depende.

As regras do Grammy são um pouco confusas e mudam de acordo com quem a Academia quer indicar no ano, mas, de acordo com a declaração de um representante da Academia para a Billboard, “as regras de elegibilidade atuais permitiriam que as novas performances e álbuns fossem elegíveis se fossem gravados nos últimos cinco anos. No entanto, nenhuma das canções mais antigas seria elegível para prêmios de composição.”

Ou seja, canções que fazem parte do disco original, como 22″ e I Knew You Were Trouble”, não podem concorrer a prêmios como Canção do Ano, porém, suas regravações podem concorrer a categorias como Gravação do Ano.

Ao mesmo tempo, existe uma regra nova para o Grammy que diz que um disco deve possuir mais de 75% de sua duração composta por músicas não lançadas anteriormente. Por isso, a não ser que as regras mudem novamente, o Red (Taylor’s Version) provavelmente não pode concorrer ao prêmio de Álbum do Ano, mas as músicas novas podem concorrer tanto às categorias separadas por gêneros musicais como as de country, que provavelmente devem contar com a indicação de I Bet You Think About Me” quanto às outras duas principais categorias: Gravação do Ano e Canção do Ano.

Como o disco foi lançado no dia 12 de novembro, ele não apareceu nas indicações deste ano e está elegível apenas para o Grammy de 2023. Mas, sejamos sinceros: mesmo que ele não possa ser indicado em sua totalidade aos prêmios, quando All Too Well (10 Minute Version)” aparecer entre as concorrentes no próximo ano, ninguém vai ficar realmente surpreso.

Taylor Swift – Red (Taylor’s Version)

Lançamento: 12 de novembro de 2021
Gravadora: Republic
Gênero: Pop, Country
Produção: Taylor Swift, Christopher Rowe, Shellback, Aaron Dessner, Jack Antonoff, Elvira Anderfjärd, Paul Mirkovich, Jeff Bhasker, Espionage, Jacknife Lee, Butch Walker, Dan Wilson, Tim Blacksmith, Danny D

Faixas:
01. State of Grace
02. Red
03. Treacherous
04. I Knew You Were Trouble
05. All Too Well
06. 22
07. I Almost Do
08. We Are Never Ever Getting Back Together
09. Stay Stay Stay
10. The Last Time (feat. Gary Lightbody of Snow Patrol)
11. Holy Ground
12. Sad Beautiful Tragic
13. The Lucky One
14. Everything Has Changed (feat. Ed Sheeran)
15. Starlight
16. Begin Again
17. The Moment I Knew
18. Come Back…Be Here
19. Girl At Home
20. State of Grace (Acoustic Version)
21. Ronan
22. Better Man (From The Vault)
23. Nothing New (feat. Phoebe Bridgers) (From The Vault)
24. Babe (From The Vault)
25. Message In A Bottle (From The Vault)
26. I Bet You Think About Me (feat. Chris Stapleton) (From the Vault)
27. Forever Winter (From The Vault)
28. Run (feat. Ed Sheeran) (From The Vault)
29. The Very First Night (From The Vault)
30. All Too Well (10 Minute Version) (From the Vault)