Que música e História sempre andaram juntas, isso é um fato. O artista sueco Pierre Andersson Ek passou por uma experiência marcante durante os conflitos ocorridos em Belarus, antiga Bielorrússia, em 2020, e lançou o single “as one” para dar evasão aos sentimentos provenientes do que viu e ouviu no país.
Belarus vive a última ditadura da Europa, que começou depois da dissolução da antiga URSS, em 1991. Ano passado, mais de 100.000 pessoas foram às ruas em protesto na capital Minsk contra a opressão política. Pierre conversou exclusivamente com o Audiograma para contar mais sobre o evento e sobre sua trajetória artística que, atualmente, aposta no shoegaze.
A: Poderia contar um pouco sobre sua trajetória artística e o momento em que está agora?
P: Faço música desde criança e toquei em muitas bandas ao longo dos anos. A última banda em que estive foi em 2018. Saí dela para começar meu próprio projeto, que se chama Pierre. Eu lancei alguns EPs e singles, sendo o último “as one”. Eu sempre estou produzindo música, então no momento estou gravando vocais para uma nova faixa que ainda não tem título.
Quais são as principais referências estéticas que você traz para “as one”?
Eu escuto quase todos os tipos de música. No entanto, parece que eu volto às minhas raízes, lá para o início dos anos noventa, quando escrevo músicas para este projeto. Naquela época, quando eu era jovem, eu ouvia muito death metal e shoegaze. Ambos os gêneros têm coisas em comum aos meus ouvidos, com suas guitarras massivas de vanguarda. Eu diria que eu queria que “as one” fosse uma música pop mais rápida, com elementos de punk shoegaze.
Você escreveu “as one” quando testemunhou protestos na Bielorrússia, um país que está passando por um momento de opressão popular e ditadura. Como foi essa experiência e como ela contribuiu com o seu processo criativo?
Eu estava, e ainda estou, em choque. Eu realmente pensei que a Bielorrússia se tornaria um país democrático, mas eu estava muito errado. E ver outros países europeus indo na mesma direção é ainda mais desconcertante. Acho que isso desenvolveu um tipo de raiva em mim. E todos nós devemos tomar uma posição, lutando para que nossas vozes sejam ouvidas para que possamos viver nossas vidas com paz e justiça.
Quais pessoas você quer empoderar com sua música?
Bem, essa é uma pergunta difícil. Música é música, e eu realmente não me vejo como um cantor de protesto. Mas uma mensagem está sendo passada, e talvez alguém possa encontrar conforto ao saber que não está sozinho em suas lutas. Levante o punho e as vozes, conte sua história. Eu fiz isso, e você também pode fazer.
Como a pandemia te afetou como artista?
Eu não esperava nada, mas na verdade minha força criativa ficou meio parada. Não encostei em um violão por meses. Então eu não escrevi ou toquei por um longo tempo. Decidi que eu tinha que passar por tudo isso, e apenas peguei um violão e comecei a tocar. Foi uma batalha comigo mesmo, mas neste momento estou no meu estúdio o tempo todo.
Como foi o processo de produção da faixa em termos técnicos?
Eu sempre escrevo e gravo ao mesmo tempo. Eu toco esse projeto sozinho, então não posso trocar ideias e tentar coisas diferentes com outras pessoas. Então, quando eu tenho uma demo concluída, começo a regravar tudo. Em “as one” eu usei uma máquina de bateria, enquanto às vezes em outras músicas eu gravo bateria de verdade. Tive que experimentar muito para obter os sons certos de guitarra, então levei algum tempo para obter esse tom de guitarra gnarly. Tenho um verdadeiro estúdio de quarto, então tudo está sendo gravado na minha casa.
Quais serão seus próximos lançamentos? O que podemos esperar ouvir de você durante 2021?
Tenho várias canções cantadas em sueco. Ainda não decidi se serão lançados no projeto Pierre, ou se separados em outro projeto. No entanto, estou nos estágios finais de gravação de uma nova música. Só tenho que finalizar a letra e depois gravar os vocais. Espero que a música esteja pronta para ser lançada durante este outono.