Daniel ADR soube, desde muito cedo, que a vida não era fácil. Morando na periferia de Belém do Pará, passou pelas provações de uma vida marcada pela violência. Mas tudo mudou quando seu primo mais velho o apresentou às rimas, quando Daniel tinha 8 anos de idade.
PJL é uma sigla comumente utilizada por facções como Comando Vermelho e PCC, mas seu significado — paz, justiça e liberdade — tornou-se um lema de resistência no bairro Guamá e Cremação, onde Daniel cresceu e transitou. Dessa história nasceu o EP que leva esse nome, crônicas da própria vida que falam sobre violência, tráfico, amizade, amor e liberdade, usando o lema como um norte em sua filosofia, mas também para provar que a periferia não é como a mídia pinta — de lá não sai o medo, mas amor e arte.
Sobre sua trajetória e o EP, Daniel ADR diz: “Quero paz tanto mental quanto de espírito, mas paz também aqui pra minha rua, paz pro mundo, paz pros pretos. Eu cansei de passar o dia na rua e quando eu chego em casa é com a notícia que algum brother meu de infância foi assassinado. Justiça porque vários frutos desse país foram construídos em cima da escravidão, e nós queremos que essa dívida seja paga. E Liberdade porque nós não queremos mais ser presos de forma injusta. Ser livre pra ser o que quiser, sem amarras”.
Entre o trap e o house oitentista, PJL tem caráter experimental, mas mantém as raízes do RAP com rimas afiadas. Daniel não esteve sozinho nessa jornada: convidou o músico e produtor Pratagy para dar vida às batidas de “Tiro de 12“, “Vida Bandida” e a homônima “PJL”, que também conta com a voz de Pelé do Manifesto, rapper e amigo de infância de Daniel. “Sex Appeal” conta com a participação de Luê e leva os beats de Erick Di, enquanto “Fogo“, música de Felipe Cordeiro, foi uma regravação de Daniel.
O projeto contemplado pelo edital Cultura Urbana Periférica da Lei Aldir Blanc conta com cinco faixas e tem a produção executiva da Psica Produções.
Ouça o EP: