Na era contemporânea, o bom artista é aquele que é uma colagem ressignificada de suas referências: o ser híbrido, fruto da amálgama de tudo que o afeta.
São essas características que chamam atenção em Gerard Alegre Dòria, multiartista espanhol que, sob o nome El Último Vecino, apresentou em seus recentes lançamentos uma interessante mescla de gêneros.
Indo do post-punk do The Smiths ao hi-NRG noventista, conseguiu proporcionar uma experiência sonora que soa como a herança de Technique, lendário álbum do New Order que, coincidentemente, parte concebido na Espanha, mesclou a sonoridade do post-punk ao acid-house.
Conversamos com o artista sobre seus últimos lançamentos, a Espanha, fazer música na pandemia e outras coisas. O resultado você confere agora.
Gerard, como tem sido produzir em meio a pandemia?
Bem, produzir na pandemia foi relativamente fácil. O problema surgiu na hora de editar as músicas, porque por não conseguir cantá-las ao vivo, o processo é incompleto e não estou lidando muito bem com isso.
Barcelona é uma cidade incrível, uma das capitais da arte no mundo. Qual influência a cidade exerce na sua criação? Como Barcelona te afeta criativamente?
Eu entendo que você me pergunte isso Matheus, porque você não mora aqui. Barcelona, para mim na realidade, é uma cidade pequena demais. Suponho que deve me influenciar de alguma forma, especialmente quando estava ativo antes da pandemia. Mas pessoalmente, eu gostaria de morar por um tempo em outra cidade onde não faça tanto calor.
Quais são suas grandes referências sonoras?
Acho que tenho várias: de um lado, há toda a vibração de Manchester, de punk e pós-punk. Por outro lado, sua evolução ao estilo New Order e posteriormente para o acid house, eu adoro! Também há o Eurodance de que sempre gostei. E há aqueles grupos que sempre gostei e que mais fazem parte desses movimentos, como: The Smiths ou El Último De La Fila. EUDLF tem uma parte flamenca que também me influencia na energia que uma música deve carregar intrinsecamente para mim.
Você já disse em outras ocasiões que para você os visuais são tão importantes como a música. Quais são suas maiores referências visuais?
‘’The Neverending Story’’, o fast motion, David Lynch, o streamline, o brutalismo, juntar o preto e branco com cores saturadas… Eu não pararia nunca.
A movida madrilena te influenciou em algo?
Suponho que tenham, acima de tudo, seus sons que considero muito estimulantes e atraentes. Também gosto muito da rota do bacalhau a nível visual, de toda a arquitetura que rodeava essas festas nessas boates.
E com quais artistas você gostaria de colaborar?
Com Lady Gaga, Miley Cyrus, Morrissey e Liam Gallagher.
Eu não poderia deixar de te perguntar, qual a origem do nome ‘’El Último Vecino’’?
Uma vez comecei a escrever um livro chamado assim. Nunca terminei porque comecei a fazer música.
Como você enxerga essa projeção do idioma espanhol no mainstream?
Cara eu vejo muito bem… mais oportunidade – risos -. Além disso, não existe mais tanto monopólio. Que o reggaeton ajudou a popularizar a língua no público não espanhol é óbvio, certo?
Qual a inspiração por trás de seu novo single ‘’Que Caro’’?
É Culture Beat.
Nos seus trabalhos antigos era clara a influência do post-punk britânico, já em ‘’Nostalgia’’ e ‘’Qué Caro’’ é notável a influência de estilos como dance-rock e acid-house. Podemos esperar o álbum todo nessa pegada?
Talvez, uma mistura bem feita. 😉
O último lançamento do artista, “Mi Nombre”, já está disponível em todas plataformas digitais.