Ainda que seja um dos gêneros mais ouvidos nos últimos anos e tenha ganhado o mundo pelas mãos de nomes como Anitta, MC Bin Laden e, mais recentemente, o DJ Pedro Sampaio, o Funk ainda divide opiniões no Brasil.
A polêmica mais recente teve início após a passagem de Cardi B e Megan Thee Stallion na última edição do Grammy Awards. Por lá, elas apresentaram o single “WAP” e, sem ninguém esperar, incluíram o trecho de um remix feito por Sampaio. O fato colocou uma pitada brasileira naquele que foi um dos grandes hits de 2020.
Enquanto muitos comemoravam mais uma demonstração de carinho de Cardi B com a cultura brasileira, algumas críticas ganharam força nas redes sociais. A mais forte delas veio do produtor Rick Bonadio que, no Twitter, afirmou se sentir envergonhado pela situação. “Já exportamos Bossa Nova, já exportamos Samba Rock, Jobim, Ben Jor. Até Roberto Carlos. Mas o barulho que fazem por causa de 15 segundos de funk na apresentação da Cardi B me deixa com vergonha”, escreveu. O produtor ainda afirmou que o Funk precisa evoluir e que vê o gênero dizendo sempre as mesmas coisas.
Ainda que tenha seus apoiadores, o argumento do produtor esbarra no fato de que o Funk é um dos gêneros que mais tem evoluído e dialogado com o seu público nos últimos anos. Conforme uma pesquisa feita pela Betway, site de jogos de roleta online, o funk como conhecemos hoje é completamente diferente das suas origens.
Criado em Nova Orleans, nos Estados Unidos, durante a década de 60, o gênero musical trazia na época uma mescla de diversos outros estilos musicais, entregando uma sonoridade com elementos de soul, jazz, R&B e o rock. De lá pra cá, o Funk passou por diversos moldes até se tornar a sensação que é nos dias atuais.
O funk no Brasil
Por aqui, o Funk começou a se tornar um movimento em 1989, quando o niteroiense Agnaldo Batista de Figueiredo, o MC Abdullah; e o carioca Fernando Luís Mattos da Matta, o DJ Marlboro; apareceram na cena.
Dono do primeiro Funk em português, Abdullah ainda é referência para muitos por causa de “Melô da Mulher Feia”, a primeira música a se tornar um sucesso. Ao mesmo tempo, Marlboro marcou época e se tornou um dos grandes nomes da história ao produzir e lançar o Funk Brasil Vol. 1, uma coletânea em vinil que virou febre no país. Começava ali a nossa história com o estilo musical originalmente estadunidense e que já era bastante conhecido por aqui desde a década de 70. No entanto, faltava a pitada brasileira na batida, que resultou em uma variação do Miami Bass, vertente do Funk feito na Flórida (EUA).
Anos depois veio o momento de virada: em 1994, a apresentadora Xuxa convoca Marlboro para ser DJ oficial do seu programa. O fato serviu para colocar o estilo em rede nacional. “O meu plano para o Funk era que ele fosse um movimento nacional, com visibilidade internacional, para gerar emprego no Brasil inteiro. Queria que cada região colocasse características locais nas suas músicas, que espelhasse aquilo que as pessoas respiram, seu cotidiano, seu dia a dia”, afirmou o DJ em conversa exclusiva com o time da Betway.
De lá para cá, muita coisa aconteceu. Se hoje nós temos nomes como Rennan da Penha, Pedro Sampaio, Ruxell e Hitmaker assinando produções cada vez mais ousadas, deve-se muito a fluidez que o Funk tem como gênero. Para que as vozes de Anitta, Ludmilla, Lexa, Luísa Sonza, MC Rebecca e Pocah pudessem ganhar o mundo, deve-se a persistência que MC Carol, Tati Quebra Barraco, Valesca Popozuda, Serginho e Lacraia, Mc Leozinho, Mc Créu, Koringa, Dennis DJ, Os Hawaianos e diversos outros nomes tiveram ao longo dos anos.
O futuro do Funk
Mais do que um estilo musical, o Funk – assim como o Rap – dialoga com a maior parte da população no Brasil. Não dá para negar que exportar a Bossa Nova ou o Samba Rock foram momentos importantes na história da música brasileira, mas basta analisar cada um dos movimentos – e os responsáveis por eles – para entender que qualquer comparação é, no mínimo, descabida.
Em primeiro lugar, o Funk não é só uma forma de se fazer música. Ele dá oportunidade, gera empregos, muda realidades, gera perspectivas e alimenta sonhos. Por consequência, ele dá voz a uma parcela da população que, até hoje, é vista como menos intelectual ou capaz de deixar alguns “com vergonha”. Por mais que você queira torcer o nariz, o Funk veio para ficar. Mais do que isso, ele vai continuar crescendo e evoluindo como nos últimos trinta anos.
Hoje em dia, Marlboro pode ser visto como um visionário quando olhamos para trás e analisamos quase três décadas de história. O que começou com uma coletânea no Rio de Janeiro se transformou em um sucesso nacional, com ramificações e adaptações em diversos estados brasileiros.
O funk está na música pop, no sertanejo, no forró, no pagode, no Brasil e no palco do Grammy. Lutar contra isso, não entender a sua construção ou não enxergar a sua evolução é, portanto, um grande erro.