O R&B é um estilo clássico que já passou por inúmeras transformações desde que esse termo de fato foi oficializado, na década de 40, ao substituir o que chamavam de race music. O R&B, inicialmente, era uma combinação de blues e jazz, e desde então foi difundido ao redor do mundo.
Hoje, o que chamamos de R&B contemporâneo faz enorme sucesso tanto no mainstream quanto no público alternativo; no pop, por exemplo, vemos inúmeros artistas que são influenciados pelo estilo, como Beyoncé, Usher, Ariana Grande e Mariah Carey. Além disso, o R&B contemporâneo é interessantíssimo também por sua capacidade em unir inúmeros gêneros, como o hip hop e o dance, agradando pela diversidade de artistas.
O R&B contemporâneo dificilmente não vai te conquistar, e por isso, lá vai uma ajuda: doze discos da última década especialmente separados pra você que ainda não se interessou pelo gênero.
Frank Ocean – Channel Orange (2012)
Começando a lista, esse talvez seja o disco mais reconhecido pra quem não é familiarizado com o estilo. Frank Ocean, até então membro do grupo de rap Odd Future e que também já havia feito composições para cantores famosos como Justin Bieber e Beyoncé, lançou Channel Orange: um álbum que combina R&B, funk, e a voz belíssima de Frank, que conquista o ouvinte na primeira ouvida.
O álbum, além das questões puramente musicais, nos apresenta um artista que até então não se sabia muito, com composições criativas e pessoais como em “Super Rich Kids”, “Bad Religion” e a clássica “Thinkin Bout You”.
Miguel – Wildheart (2015)
O terceiro LP do cantor e compositor Miguel pode ser visto como um marco no R&B; enquanto a temática obsessiva pelo sexo como uma forma de poder tomava conta do estilo, Miguel resolveu abordar o assunto de uma forma completamente diferente; segundo o mesmo, após o lançamento de Wildheart, o trabalho é sobre se autoconhecer, sobre ser quem você é sem ter vergonha ou emular algum tipo de comportamento padrão.
Nesse sentido, Wildheart funciona perfeitamente, já que Miguel aborda o sexo como uma forma de companheirismo, quebrando os padrões do que ocorria no R&B até então. Tudo isso em meio à linhas de guitarras e camadas sonoras densas. Destaque para a incrível “coffee”.
Solange – A Seat at the Table (2016)
O emocionante terceiro registro de estúdio de Solange Knowles é também o terceiro a aparecer nessa lista, e motivos não faltam: A Seat at the Table é um álbum que, mesmo após quatro anos do seu lançamento, se mantém cada vez mais atual. Nas palavras de Solange, o disco é “um projeto sobre identidade, empoderamento, independência, pesar e cura”.
Por isso, o trabalho é repleto de mensagens transformadoras e que sintetizam a vida da mulher preta na sociedade atual. Com seus interlúdios e um vocal que praticamente funciona como uma se Solange estivesse conversando conosco, o álbum, além de sonoramente magnífico, é essencial para os tempos de hoje. Destaques para “Cranes in the Sky” e “Don’t Touch My Hair”, com participação de outro grande nome do R&B contemporâneo: Sampha.
Sampha – Process (2017)
E falando nele, o cantor/compositor britânico é o próximo listado com o seu LP de estreia, Process. O músico já era conhecido por algumas colaborações com músicos de sucesso como Solange, Drake e Kanye West; por isso, o lançamento do trabalho era bastante aguardado.
E o resultado de forma alguma decepciona: combinando um electro-soul hiponotizante, o R&B clássico e coros que remetem ao gospel, Process é intimista e delicado, um registro pessoal onde Sampha narra episódios importantes de sua vida, como a perda da mãe e o contato com a música desde cedo, em “(No One Knows Me) Like the Piano”.
SZA – Ctrl (2017)
As mulheres tem um papel central no R&B contemporâneo, e a cantora SZA é um exemplo disso, sendo uma das maiores representantes do gênero. Seu disco de estreia, Ctrl, é um clássico moderno, onde SZA combina camadas sonoras do soul, R&B e hip-hop para cantar sobre experiências amorosas e a solidão da mulher preta.
Elogiável como SZA consegue abraçar diversas sonoridades em Ctrl, se mostrando uma artista versátil e um dos nomes mais interessantes da música atual. Destaques para “Love Galore”, que contém participação de Travis Scott; e “Drew Barrymore”.
Daniel Caesar – Freudian (2017)
Outro álbum que, além de representar brilhantemente o R&B atual, consegue abordar a temática amorosa de forma impecável. Esse é Freudian, disco de estreia do cantor canadense Daniel Caesar. Ao fazer um paralelo com o psicanalista Sigmund Freud, o projeto centraliza questões sobre sexualidade e a construção do relacionamento em nossa personalidade.
O álbum combina uma produção incrível com uma das vozes mais agradáveis de agora; vale ressaltar aqui os hits “Get You”, colaboração de Daniel com a cantora Kali Uchis; e “Best Part”, outra colaboração, dessa vez com H.E.R..
Teyana Taylor – K.T.S.E (2018)
Keep That Same Energy – ou K.T.S.E. – é o segundo disco de estúdio da multi-talentosa Teyana Taylor, e tem Kanye West como produtor do álbum, em um período que Ye produziu diversos álbuns em 2018. Assim como os outros projetos em questão, K.T.S.E. é curto, mas incrível o suficiente para conquistar o ouvinte.
Com os samples e as linhas instrumentais utilizadas no disco, K.T.S.E. é uma ótima porta de entrada para quem quer conhecer mais sobre o estilo e também sobre a própria Teyana. Você não pode deixar de escutar faixas que exploram todo o potencial de Taylor, como “Gonna Love Me” e “Issues/Hold On”.
serpentwithfeet – soil (2018)
Para quem gosta de algo mais experimental, o álbum de estreia de Josiah Wise, que utiliza a alcunha de serpentwithfeet, é a pedida ideal. Com um instrumental intimista, mas que não deixa de possuir sua grandiosidade graças às influências do gospel presentes desde criança na vida de Josiah.
Assumidamente gay, serpentwithfeet utiliza das suas canções como uma expressão de sua sexualidade, tocando em pontos não apenas relacionados ao sexo, como também no ponto de vista emocional de seus relacionamentos. Destaques para “whisper” e “cherubim”.
Blood Orange – Negro Swan (2018)
O último disco de 2018 presente nessa lista não é apenas um dos melhores daquele ano, como um dos melhores de R&B da década. Esse é o sexto álbum de estúdio do cantor e produtor Devonté Hynes, que já havia ganho destaque também com seus dois trabalhos anteriores até então: Cupid Deluxe (2013) e Freetown Sound (2016). Entretanto, a grande diferença de Negro Swan para os dois álbuns em questão é ser um registro de sonoridade mais lenta e intimista, abraçando mais o R&B, o soul e até mesmo o gospel, como na belíssima “Holy Will”.
Em Negro Swan, Hynes cria um ambiente de fala para a comunidade LGBT/preta, pintando sons que retratam traumas, mas que também manifestam a arte vinda dessas minorias; um trabalho delicado e especial. Menções honrosas também para “Hope” e “Charcoal Baby”.
Anderson Paak. – Ventura (2019)
Apesar de ser um nome mais ligado ao hip-hop, sendo inclusive um dos XXL Freshmen em 2016, o cantor Anderson Paak. é um artista que abraça diversas sonoridades, e em Ventura, disco lançado no ano passado, é possível enxergar isso – confira a nossa resenha clicando aqui.
O álbum é recheado de participações especiais, como a do rapper André 3000 e da lenda da Motown, o cantor Smokey Robinson. Os pontos imperdíveis do disco pra quem quer conhecer o melhor do R&B contemporâneo vão para “Come Home” e “Make It Better”.
Jamila Woods – LEGACY! LEGACY! (2019)
O segundo álbum da cantora Jamila Woods é uma das obras mais incríveis do ano passado, onde a cantora nascida em Chicago homenageia diversas personalidades pretas que marcaram a arte de alguma forma; Zora Neale Hurston, Eartha Kitt, James Baldwin e Jean-Michel Basquiat são alguns nomes dessa lista.
O tom de voz de Jamila pode ser considerado único, combinando força, sensualidade e delicadeza. Além disso, por tudo que representa, LEGACY! LEGACY! é fundamental para quem quer descobrir mais sobre o R&B.
Kehlani – It Was Good Until It Wasn’t (2020)
No mainstream, Kehlani talvez seja o nome do momento para o R&B, já que ela já colaborou com artistas mundialmente reconhecidos, como Justin Bieber e Post Malone. Entretanto, seu reconhecimento passa longe de ser apenas por suas colaborações mais famosas; It Was Good Until It Wasn’t, lançado recentemente, já alcançou as primeiras posições das paradas e diversos elogios da crítica graças ao poder da voz de Kehlani demonstrado em todo o trabalho, além da ótima produção, cheia de beats envolventes.
O disco consegue misturar diversos estilos, e até por isso, consegue agradar inúmeros e diferentes ouvintes. Por isso também, o álbum fecha essa lista, representando a pluralidade encontrada no R&B contemporâneo.