O Thomaz Victor deu início aos festejos de fim de ano do Audiograma divulgando a sua lista de melhores discos de 2012. A alguns anos não faço isso, mas resolvi embarcar e dar continuidade divulgando, agora, a minha lista.
Desde 2009 que eu não produzo uma lista minha de “melhores álbuns” e, pela primeira vez, optei em postar aqui ao invés de colocá-la no meu blog. Ao contrário de anos anteriores, em que chegava a ouvir cerca de 100 álbuns novos por ano, este número caiu drasticamente em 2012 e muita coisa acabou sendo deixada de lado. Para se ter uma ideia, da lista postada pelo Thomaz, eu só ouvi três álbuns e apenas um deles integra esta lista.
Entre bons discos, algumas decepções e certas “bombas”, separei sete lançamentos de 2012 que eu ouvi e, por algum motivo, você também deveria ouvir antes que o ano se vá e fique apenas na sua memória.
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7) Aerosmith – Music From Another Dimension!
Eis um álbum que você precisa ouvir algumas vezes antes de dar opinião. Music From Another Dimension é a representação total do Aerosmith versão 2012. Esqueçam os anos 70 ou até mesmo algumas criações dos anos 90. Ainda que o DNA de Tyler, Perry, Hamilton, Withford e Kramer se faça presente, o álbum sempre te deixa com a sensação de que poderia ter algo a mais (ou menos, no caso das baladas). Mas, se penso assim, porque diabos ele está na minha lista de melhores do ano? Simples: Riffs e composições de músicas como “Oh Yeah”, “Beautiful”, “Legendary Child”, “Street Jesus” e “Freedom Fighter” (cantada por Perry) fazem valer a pena embarcar nessa outra dimensão proposta pelo quinteto.
6) Caravan Palace – Panic
Misture uma pitada setentista, todo o clima dos cabarés e pubs daquela época, uma boa bebida e um clima dançante, mas de bom gosto. Misture tudo e, certamente, terá algum álbum do Caravan Palace na sua frente. Formada em 2005, inicialmente, para compor trilhas sonoras para filmes pornográficos, o grupo francês lançou neste ano uma verdadeira obra prima. Panic é uma composição louca de violinos, baixos, saxofones, timbres distorcidos, bases eletrônicas e uma enorme influência do Jazz. Foi, certamente, o grande achado de 2012, principalmente por músicas como “Queens”, “Maniac”, “Clash”, “Panic” e “Pirates”, que se tornaram parte integrante da minha playlist neste ano.
5) Matchbox Twenty – North
Lembro que, ao ouvir o primeiro single de North, a happy “She’s So Mean”, fiquei em dúvida sobre o que esperar do novo álbum de estúdio do Matchbox Twenty, banda que fez parte de forma intensa da minha adolescência. Pelo single, a banda parecia mais pop, quase como um Maroon 5, mas sem as firulas que a banda do Adam Levine entregou no Overexposed, também lançado neste ano. Apesar de boa parte do disco ter esse clima, músicas como “Overjoyed”, “I Will”, “English Town” e “The Way” trazem a tona um Matchbox mais maduro e mostra que a banda ainda carrega o passado na sua essência. “The Way”, cantada pelo guitarrista Kyle Cook e não por Rob Thomas, é talvez uma das músicas mais bonitas que ouvi no ano. Por mais que possa causar estranheza nas primeiras audições, North mostra um Matchbox mais seguro, mais feliz e de volta a ativa. Os fãs agradecem.
4) Green Day – ¡Uno!
Resgate das raízes ou, simplesmente, ter a liberdade de fazer o que quiser. Talvez isso é o que tenha passado pela cabeça do Green Day ao entregar ao público a trilogia formada pelos álbuns ¡Uno!, ¡Dos! e ¡Tré!. O Green Day já foi visto de diversas formas. Mostrou um amadurecimento, navegaram por águas complexas, fizeram protesto e assumiram posições políticas. E, por mais que você carregue tudo isso com você, em um determinado momento você só quer se divertir. Billy, Mark e Tré resolveram se divertir. Sem criar nada de novo, revisitaram suas influências, colocaam o punk rock dos anos 70 debaixo do braço e foram pro estúdio. Os três discos são bons, mas ¡Uno! foi o que mais me conquistou. Músicas como “Let Yourself Go”, “Nuclear Family”, “Kill The DJ” (e seu lado Franz Ferdinand), “Loss Of Control” e “Angel Blue” entregam um clima divertido e muito bom de se ouvir, ao contrário do último disco, 21st Century Breakdown.
3) El Cuarteto de Nos – Porfiado
Discos divertidos acabaram tomando conta desta lista. Apesar de que, falar de “disco divertido” ao mencionar o El Cuarteto de Nos pode ser considerado por muitos como pleonasmo. Porfiado, décimo terceiro álbum de estúdio da banda, é o primeiro disco com os novos integrantes, o tecladista Santiago Marrero e o guitarrista Gustavo “Topo” Antunes, que se juntaram aos membros originais Alvaro Pintos, Roberto Musso e Santiago Tavella. Como falei na minha resenha do álbum aqui no Audiograma, é muito bom ver o Cuarteto mostrando, através de suas músicas, uma forma jovem de questionar a realidade, utilizando-se do seu humor e acidez já característicos. Músicas como “El Balcón de Paul”, “Cuando Sea Grande”, “Buen Dia Benito”, “Vida Ingrata” e “Insaciable” já são suficientes para você dar play no trabalho dos uruguaios.
2) Soundgarden – King Animal
O Soundgarden voltou. Ainda que não seja exatamente o mesmo de 16 anos atrás, King Animal serviu para despertar um gigante adormecido e colocar Chris Cornell de volta aos trilhos, depois do inclassificável Scream. Todos os elementos do Soundgarden de 16 anos atrás estão presentes. O disco é agressivo, energético e melancólico, mas com todo um clima atual. Cornell, Cameron, Thayil e Shepherd mostram uma sintonia, como se nunca tivessem seguido por caminhos diferentes por tanto tempo. A banda evoluiu e entregou um álbum sólido, o que pode ter surpreendido muitos que temiam pela qualidade de King Animal. “Been Away Too Long”, “Blood On the Valley Floor”, “Taree” e “Attrition” são para ouvir, se empolgar, comemorar e torcer para que o Soundgarden volte a ter vida longa.
1) The Hives – Lex Hives
31 minutos. Foi o suficiente para os suecos do The Hives tomarem de assalto o primeiro lugar dessa lista. “Come On!” já chega metendo o pé na porta e mostrando que, com músicas curtas e todo o clima de garagem, o quinto álbum de estúdio da banda, Lex Hives, foi feito para se ouvir naqueles momentos de liberdade. Depois de navegar por outras águas, o The Hives voltou a fazer o que sabe de melhor. “Go Right Ahead”, “Take Back The Toys”, “I Want More”, “Wait a Minute” e a sensacional “Patrolling Days” mostram que a banda está de volta, trazendo muitos elementos de seu início de carreira e, mesmo brincando com outros gêneros, não deixa de ser o Hives que muitos conhecem. Um disco onde volume baixo é proibido.